“NORMANDIA NUA”, UM BEM-VINDO RESPIRO DE SIMPLICIDADE E HUMOR.

Por Celso Sabadin.

Nestes tempos onde tudo parece tão complicado, multifacetado e a um passo do abismo de intermináveis polêmicas vazias, uma estreia nos cinemas se destaca pela simplicidade: “Normandia Nua”. E não se trata de uma simplicidade vazia, mas sim de uma bem-vinda sensação de uma antiga ingenuidade rural que parece sobre-existir somente na ficção.

Coerentemente, tudo se passa na pequena e charmosa vila  francesa de Mêle sur Sarthe, na Normandia (que de fato existe, e conta com menos de mil habitantes), onde os pecuaristas estão em crise por causa da queda do preço da carne. Não bastassem os complicados mecanismos do mercado internacional – de difícil compreensão para os produtores locais – os novos tempos ainda trazem a ascensão do veganismo e do vegetarianismo, o que transforma os criadores de gado quase que em criminosos da contemporaneidade.

A casual e inadvertida passagem pelo local do famoso fotógrafo norte-americano Blake Newman (Toby Jones), conhecido por deixar multidões nuas em suas obras, dá uma ideia ao prefeito Georges (François Cluzet): chamar a atenção da mídia nacional para o problema da cidadezinha através de um amplo protesto onde todos os habitantes posariam pelados. Começa assim uma versão singela e provinciana da eterna discussão sobre os limites da moralidade e sobre as mudanças de comportamento dos novos tempos. Tudo sob a direção sempre ágil e sóbria de Phillipe Le Guay, o mesmo dos simpáticos “A Viagem de Meu Pai” e “Pedalando com Molière”. Estreou em 21 de fevereiro.