NORUEGUÊS “EM CASA PARA O NATAL” ABRE A TEMPORADA DE FILMES DE FINAL DE ANO.

Agora é oficial: o final do ano chegou. Estreia nesta sexta-feira, 21 de outubro, o primeiro filme de Natal da temporada. Não é uma comédia romântica, nem um filme-família edificante. Trata-se de “Em Casa para o Natal”, um belo drama de contornos tragicômicos dirigido pelo norueguês Bent Hamer.

O cinéfilo de carteirinha conhece Hamer de, pelo menos, dois de seus ótimos trabalhos já exibidos no Brasil: “Histórias de Cozinha” e “Caro Sr. Hortem”. Neste seu novo filme, Hamer está um pouco menos, digamos, estilizado, optando por um registro menos artístico e um mais sintonizado com o paladar do grande público. O que não é exatamente um demérito: “Em Casa para o Natal”, mesmo flertando com o gosto médio, consegue ótimos resultados tanto dramatúrgicos como cinematográficos.

Coproduzido por Noruega, Suécia e Alemanha, o filme mostra várias histórias que acontecem numa véspera de Natal. Não são episódicas, tampouco paralelas, mas complementares. As primeiras cenas são de deixar o coração na boca, com um franco atirador colocando sob sua mira um menino à procura de uma árvore de Natal. Há um médico que recupera a paixão pela vida e pela esposa após fazer num parto, um homem infiel que confessa à amante que jamais deixará a esposa, um pai amargurado que rouba uma fantasia de Papai Noel para poder presentear os filhos, e assim por diante.

Dores, medos, ódios, saudades, ternura … os sentimentos se confundem. Parece que tudo é perdoado na noite de Natal, um momento que propõe uma trégua imaginária da realidade, e que supõe um momentâneo equilíbrio mágico como se fosse aberta uma fenda, no tempo e no espaço, através da qual tudo pudesse ser possível.

Os mais céticos talvez torçam um pouco o nariz para esta ou aquela cena que não se importa em escorregar no melodrama. Mas, afinal, é Natal. E mesmo neste viés Hamer consegue ser um diretor com uma dose a mais de criatividade que a média.