NOVO HARRY POTTER MARCA TRANSIÇÃO PARA OS EPISÓDIOS FINAIS

Você já parou para pensar? A criança de 12 anos que leu o primeiro livro de Harry Potter na época do seu lançamento, hoje é um adulto de 22 anos de idade. É isso mesmo. Já faz dez anos que uma desconhecida e jovem professora britânica chamada Joanne Kathleen Rowling, filha de um gerente da Rolls-Royce e de uma dona de casa, revolucionou mercado editorial ao lançar “Harry Potter e a Pedra Filosofal”, livro que foi rejeitado por nada menos que oito editoras antes de sua publicação. Oito executivos que devem estar se mordendo de raiva até hoje.
Só no Brasil, os cinco primeiros livros do bruxinho já venderam 2 milhões de cópias, e a tiragem inicial prevista para “Harry Potter e o Enigma do Príncipe”, a ser lançado no final do ano, é de 350 mil exemplares. No mundo, mais de 300 milhões de livros de Harry Potter já foram vendidos.
Obviamente números destas proporções não poderiam ficar fora do Cinema, sempre ávido por novas idéias e novos sucessos milionários. Os quatro primeiros filmes da série contabilizam mais de US$ 3,5 bilhões nos cinemas do mundo inteiro, e vale dizer que entre os 20 maiores sucessos de bilheteria de todos os tempos, quatro são da franquia Harry Potter.
Agora, o mundo de Hogwarts se agita novamente com o lançamento cinematográfico mundial de “Harry Potter e a Ordem da Fênix”, o quinto filme da série. Desta vez, em seu quinto ano de Escola, o bruxinho descobre que muitos elementos da comunidade bruxa se negam a acreditar em seu recente encontro com Voldemort, preferindo negar as notícias de que o terrível mal havia retornado. Temendo que Dumbledore, o diretor de Hogwarts, esteja mentindo, o Ministro da Magia, Cornélio Fudge, indica uma nova professora de Defesa contra as Artes das Trevas para vigiar tanto Dumbledore como os próprios estudantes, mas a mestra se mostra das mais incompetentes. Harry e os inseparáveis amigos Hermione e Rony resolvem então agir por conta própria, reunindo-se secretamente com um pequeno grupo de estudantes auto-denominados “Armada de Dumbledore”. A luta contra as Forças do Mal será das mais terríveis.
A pergunta que se faz a cada filme é a mesma: este é melhor ou pior que os outros? Não é o caso de comparações, porque cada filme tem sua própria personalidade, Mesmo porque a série como um todo – bem como os seus personagens e o seu público – está crescendo, evoluindo, mudando de rumos.
Agora adolescente, Potter não poderia mais ser a mesma criança ingênua do primeiro episódio. E neste quinto filme as perturbações do herói estão ainda mais fortes e densas. Ele tem crises de ódio, pode se tornar até violento, e sua mente está povoada por dúvidas, como acontece com todo e qualquer adolescente. E o conflito que mais consome o personagem é perceber que ele próprio tem dentro de si o seu lado Valdemort. Não por acaso, o filme é dos mais escuros e sombrios, com poucas cenas à luz do dia.
Desta vez, a novidade no elenco fica por conta da excelente Imelda Staunton, premiada protagonista de “O Segredo de Vera Drake”. Ela interpreta a professora Dolores, contatada pelo Ministério da Magia para baixar o nível de ensino de Hogwarts, fazendo com que Harry e seus amigos não recebam a preparação necessária para combater Valdemort. A personagem é ótima! Além de trajar um figurino inspirado em Margareth Thatcher (a ex “Dama de Ferro” britânica), a idéia de sabotar o sistema de ensino para favorecer as forças do Mal é bem representativa das típicas estratégias absolutistas que caracterizam as ditaduras. O Brasil até hoje sofre disso, mas esta é uma outra história.
Já o roteiro e a direção mudaram de mãos. Os produtores não teriam ficado muito satisfeitos com o mexicano Alfonso Cuarón, diretor de “Harry Potter e O Prisioneiro de Azkaban”, o episódio de menor faturamento. Ele foi substituído pelo inglês David Yates, que traz em sua bagagem uma experiência muito mais consistente na televisão que propriamente no cinema, onde é praticamente um estreante. A vaga sobrou para Yates depois que a indiana Mira Nair (“Nome de Família”) e o francês Jean-Pierre Jeunet (“O Fabuloso Destino de Amèlie Poulain”) recusaram o convite da produção. Yates também já assinou contrato para dirigir “Harry Potter e o Enigma do Príncipe”, previsto para chegar às telas em novembro de 2008.
O roteiro de “Harry Potter e a Ordem da Fênix” é de Michael Goldenberg, que também está longe de ser considerado um profissional experiente. Com apenas três longas na bagagem, ele escreveu o romance “Rosas da Sedução” (com Christian Slater) , o drama de ficção “Contato” (com Jodie Foster) e a versão 2003 live action de “Peter Pan”, filmes que têm sim qualidades, mas que a princípio estariam longe de credenciar Goldenberg à complicada tarefa de levar para as telas um parrudo volume de Rowling.
Com diretor e roteirista quase novatos, “Harry Potter e a Ordem da Fênix” aposta alto na força e no conhecimento prévio da franquia, na química que desde o primeiro episódio une fortemente os personagens, e na consistência do texto original de Rowling. Os efeitos especiais, porém, ficam um pouco a desejar desta vez, principalmente na concepção digital do irmão gigante de Hagrid.
Trata-se de um filme “de transição”, mais importante talvez para preparar o terreno para os dois últimos episódios, que propriamente pelas novidades que traz.
Mesmo antes de estrear, este quinto Harry Potter já recebeu até uma premiação: “O melhor filme de verão que você ainda não viu”, outorgado, é claro, pela MTV.