NOVO “STAR TREK” ESTÁ MAIS PARA “CIENTÍFICA” QUE PARA “FICÇÃO”.

Você usa seu celular para se comunicar?
Você passa por portas automáticas com sensor de presença?
Você está aprendendo a usar os comandos de voz de seu celular?

Pois bem, todos estes itens e muitos outros foram antecipados na série de TV dos anos 60 Star Trek. Gene Roddenberry, o idealizador da saga, teve uma antevisão de muitas necessidades a serem supridas pelos nerds e geeks que substituíram os yuppies da década de 80. Quantos destes gênios inventores não obtiveram inspiração nos devaneios deste autor que vivia com a cabeça no espaço?

A série de TV que teve apenas três temporadas comprova a capacidade criativa Roddenberry como homem além de seu tempo, gerando uma saga de mais de quarenta anos, representadas por dez filmes no cinema e outras cinco variantes do tema na televisão (Next Generation, Deep Space Nine, Voyager, Enterprise e a não tão conhecida The Animated Series).

No rastro de todo este sucesso aparece J.J. Abrams como diretor do novo filme. O sucesso do diretor a frente de filmes como Missão Impossível III e de séries de TV como o quebra-cabeças Lost e o novo Fringe mostra um pouco de seu talento e coragem para enfrentar temas polêmicos e principalmente agradar os nerds de carteirinha.

Mais uma vez o diretor “acertou a mão”. Agradar a comunidade trekker não é tarefa simples. É muito fácil cair em armadilhas de estereótipos mal interpretados e transformar a empreitada em um grande pastelão. Muito longe disto, Abrams conseguiu captar o espírito da série em cada detalhe sem deixar de registrar a personalidade própria atualizando tanto conteúdo quanto visual. Certamente é um novo ciclo que se inicia para a franquia.

Para os velhos fãs que cresceram sobre a imagem de um Capitão James Tiberius Kirk adulto e espelharam-se neste herói, era inevitável imaginar como poderia ter sido sua infância e adolescência. Para este público o filme será um grande sucesso, pois a imaginação ganha vida. Qual fã da série não se questionou sobre a amizade de três indivíduos tão diferentes quanto Kirk, McCoy e Spock? Poder conhecer como tudo começou e como os laços se formaram foi um grande privilégio.

Já para os novos entrantes na saga de Star Trek talvez o filme provoque mais indagações que entusiasmo, mas o resultado final da produção é tão bom que a conquista de novos fãs é quase inevitável.

Cabe ressaltar, porém que, embora a história esteja muito bem amarrada, muitas das situações apresentadas no filme nunca foram levadas nem mesmo à série televisiva, mas encontram-se retratadas em alguns dos inúmeros livros escritos após seu encerramento na TV, no bom e velho formato de pocket books. Algumas piadas, como por exemplo, a especialidade de combate do Tenente Sulu poderá ser devidamente apreciada somente pelos leitores do livro de memórias de William Shatner, o Capitão Kirk original.

Se Kirk é o coração de Star Trek, o Sr. Spock é o cérebro. O roteiro do filme não poderia ser mais feliz apresentando o vulcano em duas versões, o original interpretado por Leonard Nimoy (o ator original da série) e sua versão pós-adolescente interpretada de forma primorosa por Zachary Quinto, o Sylar da série Heroes. Realmente Quinto deve ter dedicado muito tempo à pesquisa do personagem original. Sua versão do Spock jovem não deixa saudades do personagem original.

Tudo indica que, no melhor estilo trekker, a franquia continuará vivendo longa e prosperamente.