NOVO SUPER HOMEM QUER SER BATMAN.

Ainda bebê, ele veio de um outro mundo para nos salvar. Mantém um tipo de contato, digamos, “paranormal” com seu pai, e tudo começa a acontecer de fato quando ele tem 33 anos. É um pássaro, um avião ou Jesus Cristo? Não é “O Homem de Aço”. Todo mundo conhece como Super Homem, mas o filme insiste em chamá-lo de Homem de Aço. Por que? Provavelmente porque esta nova franquia se propõe a recontar a história do famoso Super… digo, Homem de Aço a partir do zero. Motivo: os gigantescos sucessos dos dois Batmans mais recentes provaram que o público adora um super-heroi amargurado e com crises existenciais. O que nunca foi exatamente o caso do Super Homem, geralmente tido como um heroi mais ingênuo, mais ligado à família, à pátria e coisas assim. Ok, vou dizer: o Super Homem sempre foi muito mais coxinha que o Batman, e os produtores acharam que estava na hora de mudar isso… se desejassem investir em outra franquia igualmente lucrativa.

A partir daí, os roteiristas David Goyer e Christopher Nolan (não por acaso, a mesma dupla ajudou a escrever “Batman o Cavaleiro das Trevas” e “Batman o Cavaleiro das Trevas Ressurge’) repaginaram o Super Homem, que, vejam vocês, nem usa mais a cueca por cima da calça. O diretor Zack Snyder (de “300” e “Sucker Punch”, dois filmes que nunca me fizeram a cabeça) investiu pesado nas cenas de ação. Tudo começa agitadíssimo logo no primeiro minuto do filme, quando o planeta Krypton não só está para, literalmente, explodir, como também tenta administrar um golpe encabeçado pelo General Zod. O caos é total, porque ou o planeta vai pelos ares fisicamente falando, ou os militares tomam o poder na marra e o detonam do mesmo jeito. Enfim, no meio a um corre-corre desenfreado acontece aquilo que os fãs de quadrinhos já sabem muito bem: o bebê Kal-El, filho de Jor-El, é colocado num foguetinho e enviado para a Terra, onde crescerá como Clark Kent.

O problema (pelo menos para mim, mas talvez a garotada goste) é que o tal corre-corre desenfreado não para nunca. É cena de ação em cima de cena de ação, a música não cessa jamais, e os efeitos sonoros são de ensurdecer até aquele tipo de sujeito que ouve funk alto no som do carro. Não tem pausa nem para reflexão, nem para respiro, nem pra gente saber exatamente o que está acontecendo.
Entre uma explosão e outra, percebe-se um personagem-título mais humanizado e muito mais sofrido. Clark come o pão que a kryptonita amassou desde moleque, quando não sabe exatamente quem é, e não consegue entender porque enxerga as pessoas como se elas fossem caveiras ambulantes. E eu que adorava ler os gibis do Superboy (não, não se chamava Smalville) só imaginando como eu iria me divertir se tivesse os poderes daquele garoto..!

Não há nem sombra daquele Super Homem ingênuo, criado pelos garotões Jerry Siegel e Joe Shuster em 1938, antes mesmo do início da Segunda Guerra. Neste novo filme, ele é quase um marginal, hostilizado por ser diferente, perturbado por não compreender seus poderes, selvagem quase como um Wolverine, muito mais para Batman que para Capitão América.
Mas calma. Ainda no final deste episódio ele se renderá à gravata e ao emprego fixo…

O elenco? Convence. O britânico Henry Cavill (meu Deus, o Super Homem é inglês!) super dá conta do recado (com o perdão do trocadilho), e Amy Adams (de “O Vencedor”) também manda bem no papel de Lois Lane. O fotógrafos lamentam a ausência de um Jimmy Olsen. Os protagonistas estão apoiados por um elenco de coadjuvantes de luxo, destacando-se Laurence Fishburne como Perry White (not so white), Diane Lane e Kevin Costner como os pais terráqueos de Clark Kent, Michael Shannon como o General Zod, e, quem diria, Russell Crowe num papel de já foi de Marlon Brando: Jor-El.

No final das contas, o fato é que depois de 2 horas e 23 minutos de estresse auditivo, saí da sessão de imprensa de “O Homem de Aço” tontinho, tontinho.

A produção é de Emma Thomas, o que talvez explique tanta pancadaria (desculpe, mas eu não podia deixar escapar um trocadilho ruim destes).