O BELO “ENTRE TEMPOS” FRAGMENTA AMORES E LEMBRANÇAS.

Por Celso Sabadin.
 
É uma história de amor como tantas outras, com encontros e desencontros, idas e vindas, paixões e brigas. Tanto que os protagonistas sequer têm nomes: trata-se apenas dele (Luca Marinelli) e dela (Linda Caridi). Ele, o eterno pessimista preocupado com todas as coisas da vida. Ela, a sempre risonha otimista aberta para o mundo. Parecem aquele antigo desenho animado do Leão Lippy e da hiena Hardy, e mesmo assim o relacionamento funciona.
 
A grande questão do filme “Entre Tempos” não é exatamente o que acontece, mas como acontece. O diretor e roteirista Valerio Mieli conta a história como se fosse um grande quebra cabeças de milhares de peças que vão aos poucos se juntando na mente da plateia no decorrer da projeção.
 
Fragmenta as ações, os tempos e os pontos de vista, embaralhando-as com estilo e sensibilidade dentro de uma estética que, se por vezes se assemelha a um comercial de perfumes, na maior parte do tempo consegue obter bons efeitos poéticos capazes de sensibilizar plateias mais românticas. Na média, dá mais certo que errado.
 
“Entre Tempos” é o segundo longa de Mieli, vencedor do David di Donatello de melhor diretor estreante por sua primeira obra “Dez Invernos”. “Entre Tempos” – cujo título original é “Ricordi?” – ganhou o Prêmio BNL de escolha do público, no Festival de Veneza.