O BELO PESADELO SENSORIAL DE “SANCTORUM”.

Por Celso Sabadin.

Em algum lugar da América Latina, um vilarejo perdido entre as montanhas sofre as consequências da guerra entre os militares e o cartel das drogas. Incrível como tentar resumir um filme a uma sinopse – como esta que acabei de escrever – pode ser incompleto. Sim, “Sanctorum” é também sobre um vilarejo perdido entre a guerra das drogas, mas não no sentido que as nossas mentes colonizadas pelo cinema norte-americano podem imaginar após esta falha tentativa de sinopse.

“Sanctorum” é praticamente um sonho filmado. Ou, no caso, um pesadelo. Mares de nuvens densas ameaçam encobrir o céu cristalino e magicamente estrelado. Sons fantasmagóricos vêm do céu. Seres, entidades folclóricas reais ou imaginadas se infiltram entre os rebanhos da sobrevivência dos habitantes locais. A própria sobrevivência em clima de guerra é um sonho. Ou, no caso, um pesadelo.

Trata-se de uma viagem cifrada, bela e hipnótica, onde o ser humano comum se apresenta em sua ampla e total fragilidade diante das forças do poder, do terror, dos homens e dos céus.  Um filme altamente simbólico – coproduzido por México. Qatar e República Dominicana – que nos instiga muito mais pelo sensorial que pelo racional.

Segundo longa para cinema do roteirista e diretor Joshua Gil, vindo da televisão, “Sanctorum“ venceu o Grande Prêmio do Júri no Festival de Santiago, tendo sido selecionado também em Istabul e Estocolomo.s

Muito além das sinopses, “Sancotrum” estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta, 21 de outubro.