O BIZARRO FEMINISMO DE “MULHERES ARMADAS, HOMENS NA LATA”.

Por Celso Sabadin.

Estômagos mais sensíveis devem evitar “Mulheres Armadas, Homens na Lata” (estranho título brasileiro de “Rebelles”), mas quem curte algo na linha Guy Ritchie misturado com a primeira fase de Tarantino pode gostar do humor muito particular (e nem sempre agradável) do filme.

Estreia no roteiro e na direção de longas de Allan Mauduit, “Mulheres Armadas, Homens na Lata” enfoca Sandra, Marilyn e Nadine, três operárias de uma fábrica de peixe enlatado que acidentalmente se envolvem numa trama de morte, ocultação de cadáver, fuga e tráfico de drogas, com direito a uma mala cheia de dinheiro.

Trata-se do bom e velho tema do acaso favorecendo pessoas comuns, misturado com outros “bons e velhos” temas:  machismo, misoginia, luta de classes, pessoas pouco favorecidas pelo chamado “mercado” tentando um lugar ao sol no mundo do consumo, ainda que por vias tortas. Mesmo porque, quais vias atualmente não são tortas?

A tentativa de fazer rir em cima do bizarro por vezes esbarra mais no incômodo que propriamente no humor. Não deixa de ser estranho, por exemplo, ver tantas cenas de mulheres esbofeteadas num filme que, pelo menos a princípio, se propõe feminista. Mas humor negro é assim mesmo, transitando sempre com perigo calculado na fina linha dos gostos pessoais e subjetivos.

No elenco, Cécile de France, Audrey Lamy e Yolande Moreau.