O BOM, VELHO, VIOLENTO E CHARMOSO GANGSTERISMO DE “A LEI DA NOITE”.  

Por Celso Sabadin.

É inevitável. Filmes sobre gangues rivais que lutam pelo poder através do controle de atividades criminosas continuam chamando a atenção do público. Talvez pelo próprio fascínio exercido pelo poder, talvez pelas altas doses de charme que geralmente acompanham estas produções, o fato é que de obras-primas como a trilogia “O Poderoso Chefão” a filmes mais rasos e rasteiros, a violenta luta pelo dinheiro fácil parece que nunca deixará de ser uma boa matéria prima para o cinema.

“A Lei da Noite” não é diferente. E tem o mérito de sair de um ponto de partida interessante e criativo: um soldado norte-americano que lutou na I Guerra Mundial, viu de perto tudo o que a carnificina oficial é capaz de provocar, e no final do conflito decide partir para a criminalidade não oficial: as ruas. É neste contexto que Joe Coughlin (Ben Affleck, também roteirista e diretor do filme), se envolve nos negócios ilícitos de duas facções criminosas rivais que dominam Boston: a do italiano Maso Pescatore (Remo Girone) e a do irlandês Albert White (Robert Glenister). Joe acaba se indispondo contra ambas, movido pela mais antiga das motivações: uma mulher.

“A Lei da Noite” é hábil em unir todos aqueles elementos típicos que fazem a alegria dos fãs dos chamados filmes de gângsteres. Traições, mortes violentas, vinganças, corrupção, paixões desenfreadas, ternos bem cortados, a Lei Seca, charmosos carros de época, luz intimista, tudo está lá. O excesso de narração em off – como ocorria nos filmes noir dos anos 40 – tira um pouco o ritmo da narrativa, e remete o filme à sua origem literária: ele foi adaptado do livro “Os Filhos da Noite”, de Dennis Lehane, o mesmo autor dos livros que inspiraram os filmes “Ilha do Medo” e “Sobre Meninos e Lobos”. Esta é a segunda colaboração Lehane e Affleck, após “Medo da Verdade”, de 2007.

A estreia foi em 23 de fevereiro.