“O COLIBRI” É UM DRAMALHAÇO. E ISSO É UM ELOGIO.  

Por Celso Sabadin.

Muitas vezes, as classificações cinematográficas de drama, dramalhão ou melodrama são vistas com um certo preconceito, como algo, digamos, novelesco, telenovelesco ou exagerado. O que é injusto: há grandes filmes que seguem por esta linha, com ótimos resultados.

Neste sentido, um dos países que mais tem tradição e competência para o gênero é a Itália. Se o melodrama for familiar, então, melhor ainda.

Tudo isso para dizer que estreia nesta quinta-feira, 13/04, o drama familiar franco-italiano “O Colibri”, indicado a quatro prêmios Davi di Donatello 2023 (o mais importante da Itália),  incluindo o de Roteiro Adaptado.

Tudo começa contrapondo duas famílias vizinhas – os Carrera e os Chilleri – que convivem mais ou menos pacificamente em algum belo lugar à beira mar, na Itália. É neste pequeno paraíso que os jovens Marco e Luísa se apaixonam, a contragosto de suas famílias. Romeo e Julieta? Eles até se consideram assim, mas não é para tanto. Porém, uma tragédia familiar interrompe o relacionamento, deixando muitas pontas soltas no ar.

A partir daí, o roteiro de Laura Paolucci, Francesco Piccolo e da própria diretora, Francesca Archibugi, inicia um intrincado quebra-cabeças de idas e vindas no tempo, com a proposta de criar um amplo mosaico de emoções que só será propriamente resolvido e esclarecido nas cenas finais. Traições, brigas, paixões arrebatadoras, surpresas, arrependimentos irreversíveis, mortes, nascimentos… uma amostra de tudo o que a vida traz desfila durante pouco mais de duas horas diante dos olhos do espectador, que fatalmente será fortemente envolvido nas diversas tramas e sub tramas que se apresentam. Bom, eu, pelo menos, fui.

Melodrama? Dramalhão? Dramalhaço! Mas roteirizado com muita habilidade e dirigido com toda a destreza necessária para evitar os arroubos exagerados tão caros ao tema.

E como se tudo isso não bastasse, “O Colibri” ainda coloca frente a frente dois dos maiores nomes italianos dos últimos anos:  Pierfrancesco Favino (visto recentemente em “O Traidor” e “Nostalgia”) e o premiadíssimo ator e diretor Nani Moretti.

“O Colibri” é baseado no livro homônimo de Sandro Veronesi, publicado em 2020.