“O CONFEITEIRO” COMBATE INTOLERÂNCIAS RELIGIOSAS E SEXUAIS.

Por Celso Sabadin.

“O Confeiteiro” estreou bem naquela semana entre o Natal e o Ano Novo, na qual muita gente está ocupada com outros afazeres, fora o cinema. Bem “no apagar das luzes do ano velho”, como diziam os antigos locutores. Mas a boa notícia é que o filme continua em cartaz, e merece – muito – ser conferido.

Coproduzido por Alemanha e Israel, “O Confeiteiro” começa sua ação em Berlim, mostrando o intenso relacionamento amoroso entre o jovem confeiteiro alemão Thomas (Tim Khalkov, excelente) e o executivo judeu Oren (Roy Miller), de passagem pela Alemanha, mas que tem esposa e filho em Israel.

Uma reviravolta na trama vai fazer com que Thomas viaje até Jerusalém, onde tomará contato com uma realidade bem diferente da sua, repleta de intolerância.

Dirigido com muita suavidade e sensibilidade, “O Confeiteiro” é um delicado elogio ao amor e à compreensão entre os diferentes, independente de escolhas sexuais e/ou religiosas. Sem nenhum tipo de alarde ou panfletarismo, e utilizando-se de uma narrativa intimista e elegante, o filme repele todo e qualquer tipo de dogmatismos (que são, por si só, toscos por serem dogmáticos) e crenças pétreas construídas sobre falácias  milenares, que mais servem para distanciar os verdadeiros sentimentos humanos que propriamente para louvar esta ou aquela crença, esta ou aquela opção de vida.  A proposta é fazer aflorar a pureza e a sinceridade das paixões – sexuais, amorosas, existenciais, culinárias, tanto faz – e enterrar a antiguidade e o passadismo dos preconceitos.

Uma estreia mais do que promissora do roteirista e diretor Ofir Raul Graizer, em seu primeiro trabalho para o cinema.