O Coronel e o Lobisomem

É uma pena. Muitos apostavam no sucesso da nova produção de Guel Arraes, mas infelizmente – para o cinema brasileiro – O Coronel e o Lobisomem decepcionou. Vai-se embora mais uma esperança de estouro nas bilheterias para este 2005 que já chega na sua reta final.
Baseado no livro homônimo de José Cândido de Carvalho, O Coronel e o Lobisomem narra a saga de Ponciano (Diogo Vilela), garoto mimado, nascido em berço de ouro, que herda do avô (Othon Bastos) a patente de coronel e a produtiva fazenda Sobradinho. Assim como acontece em Quase Dois Irmãos, o grande amigo de infância de Ponciano é o filho da empregada, Pernambuco Nogueira (Selton Mello), que cresce à margem da riqueza da fazenda, mas sem nunca participar diretamente dela.
Na idade adulta, inevitavelmente ambos tomam caminhos diferentes e conflitantes. Concorrem ferozmente pelo amor da mesma mulher (Ana Paula Arósio) e pela riqueza da mesma fazenda. O astuto Nogueira acaba ganhando a propriedade, mas Ponciano pretende provar na justiça que ele não tem direito às terras pelo simples fato de ser… um Lobisomem.
Repleto de brasilidade e rico na prosa, o texto original tinha tudo para se transformar num bom espetáculo cinematográfico. Mas fica a impressão que os produtores quiseram fazer um tipo de cinema para um público que não está acostumado a ir ao cinema. Tudo é exaustivamente explicadinho, com uma narração redundante que conta repetidamente aquilo que já está se vendo na tela, e um roteiro que subestima a capacidade de compreensão do público. Burocrática, a direção de Maurício Farias prefere não ousar, cinematograficamente falando.
Não é o caso de taxar o filme de muito televisivo e pouco cinematográfico e abrir novamente a infindável discussão entre as diferenças e similaridades das duas linguagens. Não é isso. O grande problema de O Coronel e o Lobisomem são suas emoções mornas, com personagens que acabam não cativando a platéia. Com um pé no caricato, o elenco beira o teatro de revista. O texto narrado se apóia na linguagem literária. E o cinema propriamente dito ficou em terceiro plano.