O DESESPERADO CLAMOR POR JUSTIÇA DE “ANATOMIA DE UM JULGAMENTO”.

Por Celso Sabadin.

Ver nazista no banco dos réus é o que a gente mais quer. Porém – de réu a condenado – a trajetória pode ser das mais complicadas. Neste sentido, “Anatomia de um Julgamento”, que estreia nesta quinta, 04/11, em plataformas virtuais, se reveste de uma gigantesca contemporaneidade.

Coproduzido por Áustria e Luxemburgo, o longa é baseado no caso real do julgamento de Franz Murer, criminoso nazista da Segunda Guerra, condenado na União Soviética a prisão perpétua, mas que graças a negociações internacionais ganha uma segunda chance nos tribunais de sua terra natal, a Áustria. E é ali que tudo se complica: as mais sórdidas manobras políticas são colocadas em prática para tentar livrar o acusado, tido em seu país como peça importante dentro da sujeira do jogo eleitoral.

Por mais que testemunhas e mais testemunhas se enfileirem no reconhecimento ao criminoso, sempre surge uma tecnicalidade jurídica ou mesmo uma mentira deslavada ou uma grossa corrupção para tirar Murer do caminho que – em condições normais de justiça – o reconduziriam direto à cadeia. Neste sentido, “Anatomia de um Julgamento” dialoga diretamente com outro ótimo filme de tribunal:  “Negação” (de Mick Jackson, 2016).

Sufocante, o filme não dá respiro. Sua opção de roteiro em não abrir nenhum espaço para eventuais flash backs ou cenas que situem alguma eventual descontração das personagens envolvidas se mostra das mais acertadas, na medida em que potencializa a exasperação do contexto. É um filme que se vê, da primeira à última cena, com um aperto de indignação no peito.

Com roteiro e direção de Christian Frosch, “Anatomia de um Crime” está disponível em www.cinemavirtual.com.br