“O DIA DA POSSE”, COM CONFINAMENTO E HUMOR. 

Um filme que nos recorda que já passamos por dias piores.

Por Celso Sabadin. 

O mundo caminha tão apressadamente que a recente pandemia de 2019/2020 parece ter ficado num passado remoto. Às vezes, dá a impressão que ela nem existiu, que ficou congelada no mundo da ficção imaginada.  

“O Dia da Posse”, estreando nos cinemas nesta quinta-feira, 31/10, nos recorda deste período. Uma recordação sem tristezas ou lamentações, mas com afetos e humor. Com despretensão simples e poética, o longa registra o cotidiano de Brendo Washington, jovem baiano que estuda Direito no Rio de Janeiro e divide o espaço de um apartamento com o carioca Allan Ribeiro, o próprio diretor do filme.  

Além do espaço, Brendo e Allan dividem percepções e sonhos. A introspecção compulsória provocada pelo isolamento social aproxima os dois protagonistas (sim, o diretor também se coloca no filme) com lirismo e espontaneidade.  

Janelas, frestas, olho mágico e o celular são os únicos canais que permitem enxergar fragmentos do mundo externo. Resta, então, olhar para dentro, reinventar o tempo e abrir espaços para histórias do passado e esperanças do futuro. Tudo ao sabor da descontração e da autenticidade, sempre regadas com uma saborosa fluidez que faz a mente viajar pelos caminhos do desejo. Vale até querer ser participante do Big Brother… ou Presidente da República, duas situações que ultimamente não diferem muito uma da outra.  

Um filme que nos recorda que já passamos por dias piores. 

Menção honrosa na seção Novos Rumos do Festival do Rio, “O Dia da Posse” chega aos cinemas no próximo 31 de outubro. 

 

Quem dirige 

Allan Ribeiro se formou em Cinema na UFF (2006). Realizou quatro longas: Esse Amor que nos Consome (2012), Mais do que eu Possa me Reconhecer (2015) e O Dia da Posse (2021) e Mais Um Dia, Zona Norte (2023), que receberam prêmios em festivais como Brasília, Olhar de Cinema e Tiradentes. Se destacam ainda os curtas O Brilho dos Meus Olhos (2006), Ensaio de Cinema (2009), O Clube (2014); Eu Fui Assistente do Eduardo Coutinho (2023) e a série Noturnas (2016) com 46 episódios mini-documentais. Seu próximo longa, sobre a expectativa do show da Madonna no Rio, está previsto para estrear em 2025.