O ENCANTADORAMENTE QUESTIONADOR “ESPERANDO BOJANGLES”.

Por Celso Sabadin.

“Quando a realidade é banal e triste, invente uma boa história”. O ensinamento faz parte do filme “Esperando Bojangles”, que estreia no Brasil nesta quinta, 3 de novembro, mas certamente é um dos principais lemas de vida de todos nós, apaixonados e viciados por cinema, que corremos para a sala escura em busca de um pouco de escapismo que torne a realidade atual um pouco menos exasperante.

E, se o assunto é escapismo, nada melhor que mergulhar de cabeça nas cores, nas músicas, na paixão e na deliciosa irresponsabilidade juvenil da primeira parte deste delicioso “Esperando Bojangles”.

Tudo começa em uma deslumbrante ambientação mediterrânea onde Georges (Romain Duris, de “Bonecas Russas”), mentiroso contumaz, penetra em uma festa de luxo, se apaixona instantânea e perdidamente por Camille (Virginie Efira, de “Benedetta”), uma bela jovem cujo único objetivo na vida é viver sem limites.

A química e as afinidades entre o grande mentiroso e a grande hedonista são imediatas e fulminantes, e ambos decidem unir suas saborosas insensatezes numa trajetória de vida tanto libertária quanto utópica.

Impossível não embarcar na viagem alucinada e alucinante destes dois adoráveis protagonistas que fazem – na ficção da arte – tudo aquilo que gostaríamos de fazer no plano real da vida… incluindo dançar sempre que dá vontade e empilhar atrás da porta milhares de boletos a serem pagos. Nem que seja – infelizmente – por um tempo limitado.

Não por acaso, esta feérica fantasia imaginada no livro homônimo de Olivier Bourdeaut, publicado em 2016, alçou o autor à condição de best-seller logo em sua estreia editorial, o que inevitavelmente levou a esta adaptação cinematográfica roteirizada por Romain Compingt. A direção é de Régis Roinsard, que já havia trabalhado com Compingt em “Os Tradutores”, “A Datilógrafa”

A estreia no Brasil é em 3 de novembro.