O ENCANTO AFETIVO DE “CAFÉ COM CANELA”.

Por Celso Sabadin.

“Café com Canela” chamou a atenção quando foi exibido no Festival de Brasília do ano passado pela sua charmosa simplicidade e pelo seu discurso não escancaradamente político, trafegando assim na contramão dos longas que geralmente compõem este evento. Nesta simpática e bem-vinda produção baiana, o segredo está não nas palavras de ordem reivindicatórias, mas no sincero apelo por afetividade e humanidade.

A história une, no Recôncavo da Bahia, duas mulheres que se reencontram após um grande hiato de tempo: Margarida, que vive isolada e marcada pela dor da perda do filho, e Violeta que busca superar com determinação e bom humor os seus traumas do passado. O que mais encanta em ”Café com Canela”, porém, não é exatamente sua trama – até bem singela – mas o estilo de direção da dupla Ary Rosa e Glenda Nicácio. Totalmente despojado, o filme prima pelo seu frescor narrativo e pela sua total despretensão. Exala verdade a cada cena, e não hesita em misturar drama e comédia em doses equilibradas.

A dupla de diretores formou-se em Cinema pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) e fundou a produtora independente Rosza Filmes, onde realizaram os curtas Dilma (2015), Curta casa (2013) e Tecendo Nuvens e Retalhos (2012). No elenco, Valdinéia Soriano, Aline Brunne, Babu Santana, Aldri Anunciação, Arlete Dias, Guilherme Silva, Antônio Fábio, Dona Dalva Damiana de Freitas, Michelle Mattiuzzi.

Sangue novo e necessário para o cinema brasileiro.

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