O ESTRANHO HUMOR FRANCO-SUÍÇO DE “LA VANITÉ”.

Por Celso Sabadin.

Nestes tempos onde tudo se monetariza, por que não a morte? Não estamos falando de seus rituais, das flores, ou da parte que te cabe neste latifúndio, tudo isso já bastante monetarizado, mas sim do ato de morrer em si. Este é o ponto de partida da produção suíço-francesa “La Vanité” (a vaidade), que chega ao Brasil assim mesmo, com seu título original.

A partir do roteiro que desenvolveu com Julie Bouissoux, o diretor Lionel Baier mostra a desilusão e o desespero de David (Patric Lapp), um homem que decidiu colocar fim à sua própria vida. Sem coragem, porém, de fazê-lo sozinho, ele recorre a uma empresa especializada no assunto, que propõe uma morte digna e indolor. Baier, Bouissoux e Lapp já haviam trabalhado juntos no simpático “Longwave, nas Ondas da Revolução”.

Apesar do tema sugerir o contrário, “La Vanité” não é um drama dolorido sobre a morte, mas uma sarcástica comédia com pitadas de reflexões existenciais. O humor negro advém da estranha química que se estabelece entre o protagonista e Esperanza (Carmem Maura, de vários filmes de Almodóvar), a funcionária da empresa contratada para a eutanásia. O próprio nome da personagem já é uma ironia. A ambos se junta o inquieto Treplev (Ivan Georgiev), o porteiro do hotel onde tudo acontece. Durante toda uma noite, a ação transcorrerá sob o protagonismo deste improvável trio de personagens – cada um à sua maneira – outsiders em busca de um pequeno pedaço de felicidade na vida.

Lapp e Georgiev ganharam respectivamente os prêmios de melhor ator e melhor ator coadjuvante no Swiss Film Prize, uma espécie de Oscar do país do chocolate.

A estreia é nesta quinta, 14/07.