O ESTRANHO SARCASMO DE “NUNCA MAIS NEVARÁ”.

Por Celso Sabadin.

Um homem solitário caminha silenciosamente pelas ruas vazias de alguma cidade da Polônia. Uma cena corriqueira, se ele não estivesse carregando uma grande cama portátil de massagem. Com cama e tudo, o rapaz se prepara para o que parece ser uma entrevista de emprego… e logo coloca seu entrevistador para dormir, através de uma relaxante massagem no pescoço.

Aos poucos, ficamos sabendo que ele é Zhenia (Alec Utgoff), um imigrante ucraniano buscando uma vida melhor no país vizinho. E para isso, ele conta com suas habilidades – quase mágicas, quase inexplicáveis – de transformar as vidas das pessoas com suas mãos. Ao conseguir uma clientela das mais desequilibradas em um condomínio de luxo, o sempre misterioso Zhenia entrará em contato com um mundo diferente do seu, repleto de estranhamentos. Para ele e para o público.

O clássico tema do “forasteiro misterioso que chega para transformar uma sociedade disfuncional” é novamente abordado em “Nunca Mais Nevará”, coprodução entre Polônia, Alemanha e Holanda selecionada para a Mostra Competitiva do Festival de Veneza.

Com roteiro e direção da premiada dupla Malgorzata Szumowska e Michal Englert, o longa busca um equilíbrio entre o humor sarcástico e o drama intimista ao investigar o abismo de percepções que se instala entre o introspectivo refugiado e um certo vazio existencial que emana da elite polonesa. Esperanças tristes, decepções e até um ar de messianismo compõem as linhas fundamentais do filme, que foi escolhido pela Polônia para representar o país no Oscar 2021.

“Nunca Mais Nevará” estreia no Brasil nesta quinta, 19 de agosto.

 

17/08/2021