“O EXTERMINADOR DO FUTURO – GÊNESIS” É TUDO O QUE SE ESPERA DE UM NOVO/VELHO BLOCKBUSTER.

Por Celso Sabadin

Me senti o próprio Marty McFly: folheando uma revista de cinema me dei conta que entre os grandes sucessos deste 2015 estão Mad Max, Guerra nas Estrelas (rebatizado com seu nome globalizado de Star Wars), Jurrasic Whathever  (Park, World…), Poltergeist e O Exterminador do Futuro. Teria eu embarcado por engano num De Lorean e viajado de volta para o futuro? Ou a fenda do tempo se abriu definitivamente deixando Tony e Doug para sempre enclausurados numa ampulheta?

Esta inebriante sensação de perder o fio da meada do calendário, eliminando do conceito de tempo qualquer sentido de linearidade, certamente será sua grande companheira durante a projeção do novo “O Exterminador do Futuro”, que recebe agora o complemento “Gênesis” em seu título.

Gostei bastante do filme. E olha que eu me encaixo naquela categoria de crítico que viu o original na estreia, ou seja, o tipo do crítico teoricamente inclinado a proclamar o repetitivo “o original era melhor”. Não. O original, na verdade não era melhor, nem pior: temos aqui um filme diferente, ainda que encaixado – e bem – no universo proposto por James Cameron e Gale Ann Hurd no longínquo 1984. Não existem mais, é claro, as surpresas do filme original, mas mesmo assim “O Exterminador do Futuro – Gênesis” se sai muito bem na tarefa nem sempre fácil de propor uma nova história, agradar às novas gerações, e ao mesmo tempo respeitar todos os cânones históricos que os nerds do planeta sacralizaram nos últimos 31 anos.

Conciliar respeito histórico com a voracidade pelo novo é para os fortes, e neste sentido os roteiristas Laeta Kalogridis e Patrick Lussier, além do diretor Alan Taylor (uma turma com muito mais experiência na TV que no cinema) foram fortes.

Senão, vejamos. O filme tem tudo aquilo que se espera de um blockbuster que visa ser uma releitura de outro blockbuster.  A começar pela já citada reverência à ideia original, que aqui preocupou-se inclusive em recriar com precisão a cena da chegada do cyborg do futuro à época de hoje. Ou de ontem. Bom, a 1984. As cenas de batalhas,  como não poderia deixar de ser, foram turbinadas com muito mais explosões e mais máquinas de guerra, dentro da filosofia hollywoodiana de fazer a cabeça do público explodir igualzinho ao milho da pipoca que ele está consumindo naquele mesmo momento. Há momentos de humor para o público adolescente, uma personagem feminina forte para o público feminino e, claro, dentro da nova cartilha comercial do cinema, um bom papel para um ator oriental (no caso, sul coreano), já que os produtores estão com um olho no peixe e o outro no gigantesco mercado que aos poucos se abre na China e adjacências.

O roteiro está bem amarrado (faz até uma crítica ao excesso de conectividade do mundo atual, imagina só), tem uma ceninha pós-créditos e, claro, há Arnold Scharzenegger – em carne, osso e imagem gerada por computador – com direito a “I´ll be back”. O que mais se pode esperar de um delicioso entretenimento?

Vá ao cinema, deixe fluir o seu lado moleque, e preste atenção na principal mensagem do filme: o grande vilão do futuro, que tentará nos destruir a todos, será uma mega corporação chamada Skynet, ou seja, a fusão das TVs por assinatura Sky e Net. Com o tipo de atendimento que eles dão aos seus clientes, eu sabia que iria dar nisso…