“O FANTASMA DA SICÍLIA” FLUI COM TALENTO DO ROMANCE JUVENIL AO HORROR POLÍTICO.

Por Celso Sabadin.

“O Fantasma da Sicília” começa como um romance juvenil. Com poesia e uma certa dose de ingenuidade, vemos o desabrochar do relacionamento do casal de estudantes Giuseppe e Luna, interpretados respectivamente pelos estreantes Gaetano Fernanades e Julia Jedlikowska,  ambos ótimos. A ambientação no sul da Itália contribui bastante para o idílio.

Logo, porém, a chave muda, e o filme passa a assumir contornos cada vez mais sombrios. O desaparecimento de Giuseppe parece perturbar apenas Luna, e somente ela assume um solitário protagonismo numa história que ninguém parece perceber. Ou querer perceber. “O Fantasma da Sicília” anoitece então nas sombras de um suspense que mergulhará no mais cruel terror, não sem antes visitar os subterrâneos do drama político. E é marcante a maneira pela qual a dupla de diretores e roteiristas Antonio Piazza e Fabio Grassadonia (os mesmos de “Salvo”, de 2013, que eu não vi mas agora fiquei com vontade) consegue ser eficiente em todos os registros propostos.

Misturando sonhos, alegorias e magia a uma crudelíssima realidade (mesmo porque o filme e baseado em fatos), “O Fantasma da Sicília” é notável no quesito criação de climas, ao mesmo tempo em que sabe como desenvolver uma história sem cair nos lugares comuns que o tema facilmente poderia proporcionar.

Vencedor do prêmio de roteiro no Sundance, “O Fantasma da Sicília” estreia nesta quinta, 28/09.