“O FANTASMA VERMELHO”, UM EASTERN DE GUERRA VINDO DA RÚSSIA.

Por Celso Sabadin.

É muito bem-vinda esta safra de filmes russos e/ou ucranianos contemporâneos que algumas distribuidoras independentes têm trazido para o Brasil. Não chegam a ser obras-primas como as realizadas por antigos mestres que fizeram História no cinema da ex-União Soviética, mas de uma forma geral são longas bem competentes que – no mínimo – nos abrem os horizontes para a percepção de uma cinematografia que, durante décadas, foi banida do Brasil.

Um dos trabalhos mais recentes a desembarcar em plataformas virtuais brasileiras é “O Fantasma Vermelho”, coprodução entre Rússia e Alemanha ambientada na Segunda Guerra Mundial.

O roteiro de Pavel Abramenkov, Vyacheslav Shikhaleev e do próprio diretor do filme, o premiado Andrey Bogatyrev, acompanha um pequeno grupo de soldados (e uma soldada) russos perdido na gélida região de Vyazma, após conseguir ultrapassar um cerco alemão. O filme informa que a situação é mais comum do que se pode pensar: milhares de combatentes soviéticos perdiam-se de seu comando superior ao conseguir suplantar as linhas nazistas, e perambular pela neve – sem rumo, à espera de um eventual resgate ou socorro – era a única chance de sobrevivência.

Neste contexto de isolamento, paciência e desespero, o grupo fica sabendo de um tal Fantasma Vermelho, supostamente um atirador de elite russo, de inacreditável precisão, solitário, que salvava os compatriotas em situações críticas, saqueava os alemães mortos, e seguia em frente sem sequer trocar uma palavra com ninguém. Quase um super-herói imortal que já teria matado uma centena de nazistas. Seria um mito, uma lenda de guerra ou uma realidade? Não caberá ao filme responder a esta pergunta, mas sim explorar o mistério com uma narrativa que mistura suspensa, drama e ação com toques de – imagina só – western. No caso, “eastern”.

“O Fantasma Vermelho” assume o tom mítico do personagem que o inspira, e desenvolve cenas de batalhas que desafiam a verossimilhança. Coerente. Constrói os personagens com empatia, entrega boas interpretações, é hábil no fluir da trama, e apresenta um ótimo nível de produção. De forma surpreendente, ainda consegue extrair instantes de humor, mesmo operando com um tema de grande densidade emocional.

Estranha-se apenas e equivocada trilha sonora, que desnecessariamente pontua determinadas cenas de ação com temas musicais superlativos que por vezes remetem a faroestes italianos, por vezes a fantasias épicas. Mas nada que chegue a tirar o prazer de acompanhar esta bem equilibrada e envolvente mistura de estilos e sabores.

O longa entrou na plataforma virtual www.cinemavirtual.com.br nesta última quinta-feira, 27 de janeiro.