O GRANDIOSO “MINÚSCULOS” AGRADA A TODAS AS IDADES.

Por Celso Sabadin. 

Impossível não lembrar do fantástico documentário francês “Microcosmo”, de 1996, ao assistir “Minúsculos – O Filme”. Produzido a partir do seriado de TV francês homônimo (exibido no Brasil pela Bandeirantes), o longa também se insere no pequeno e riquíssimo universo dos insetos. Aqui, porém, sem nenhuma pretensão documental, mas apenas com a intenção de contar uma boa história e divertir os “pequenos” de todas as idades.

A primeira cena do filme já traz sua dose de ironia, ao mostrar um carro modelo New Beetle passeando por um belo bosque. Lembrando que o New Beetle, sucessor do Fusca, é conhecido em muitos idiomas como “Besouro”. O casal do carro se delicia com um caprichado piquenique. Ao sair do lugar, eles deixam para trás algumas sobras de comida com elementos suficientes para o desenvolvimento de toda uma saga de pequenos insetos, que inclui uma guerra feroz e a clássica luta pela sobrevivência.

A técnica do filme é das mais apuradas, misturando cenários reais de bosques e florestas francesas com a sobreposição digital dos pequenos e simpáticos personagens. Buscando – e alcançando – uma linguagem universal, os bichinhos não falam nenhum idioma humano, mas apenas “língua de inseto”. O que não causa absolutamente nenhuma dificuldade para a compreensão da trama, nem para as crianças menores, que embarcam com facilidade nesta proposta não verbal (que deveria ser atentamente observada por muitos roteiristas brasileiros, diga-se). Fora o fato que o recurso, além de divertido e lúdico, facilita sobremaneira as exportações do filme.

A produção é das mais caprichadas, com sequências de ação de tirar o fôlego (a perseguição no rio, por exemplo), bom ritmo, e um interessante desenvolvimento de personagens. Apenas um detalhe me incomodou: por que um filme tão direcionado às crianças explora tão fortemente a guerra como seu tema principal? Estaria a dramaturgia mundial, inclusive a infanto-juvenil, tão obcecada e influenciada pelas fórmulas de sucesso da dramaturgia norte-americana que não consegue mais desenvolver um bom roteiro sem o forte aspecto bélico? Será mesmo que tudo tem de se transformar em batalhas no estilo “Senhor dos Anéis” ou “Star Wars”?

Ficam as perguntas.

Ah, como acontece em 95% dos casos, o 3D é totalmente dispensável.