O HUMOR REFINADO E IRÔNICO DE “A TEORIA DOS VIDROS QUEBRADOS”.
Por Celso Sabadin.
O cinema uruguaio é como uma pequena pedra preciosa: raro e encantador. O país tem uma produção diminuta, mas é comum saírem de lá pequenos filmes de grande valor.
É o caso deste “A Teoria dos Vidros Quebrados”, coprodução entre Uruguai, Brasil e Argentina, vencedor dos prêmios de Melhor Filme (tanto pelo júri popular, como pelo júri oficial) no Festival de Gramado do ano passado.
O delicioso roteiro de Rodolfo Santullo e do próprio diretor, Diego Fernández, fala de Claudio (o argentino Martín Slipak), um pacato perito em seguros que é designado para solucionar um estranho problema numa não menos pacata cidadezinha do interior: ali, carros são incendiados constante e aleatoriamente, para o desespero da seguradora.
“A Teoria dos Vidros Quebrados” reproduz então o famoso tema cinematográfico do “forasteiro que chega num lugarejo hostil”, mas sempre destilando um refinado humor sutil, além de trabalhar elementos policiais em registro cômico, uma pitada de suspense, e uma pequena mas bem-vinda dose de crítica social.
O longa é inspirado – ao mesmo tempo – em uma teoria social dos anos 1980 e num fato real de 2010. Desenvolvida pelo cientista político James Q. Wilson e pelo psicólogo George Kelling, a Teoria das Janelas Quebradas defende a ideia de que se uma janela de uma casa ou carro for quebrada e não for consertada, as demais janelas serão rapidamente vandalizadas pelos passantes, que identificarão no evento uma questão de desprezo e abandono E o caso real aconteceu em Melo, fronteira Uruguai/Brasil, onde cerca de 20 carros foram incendiados sem qualquer motivo aparente, o que desencadeou uma onda de vandalismo também aparentemente inexplicável.
Escolhido do Uruguai para representar o país no Oscar. “A Teoria dos Vidros Quebrados” traz ainda em seu elenco os brasileiros Roberto Birindelli e Lourdes Kauffmann, e os uruguaios César Troncoso e Verónica Perrota.
Estreou na última quinta-feira, 18 de agosto.

