“O INSULTO”, LIBANÊS E UNIVERSAL.

Por Celso Sabadin.

Impossível ver a coprodução franco-libanesa “O Insulto” e não lembrar da situação atual da sociedade brasileira. Um povo dividido, basicamente intolerante, bipolar, raivoso, psicologicamente armado, manipulado pela mídia e pela religião, onde o menor incidente pode ganhar desdobramentos desproporcionais.

Tudo acontece na Beirute dos dias de hoje, onde um mínimo entrevero entre vizinhos envolvendo um vazamento se transforma numa batalha ideológico-político-judicial entre Toni, um libanês cristão, e Yasser, um refugiado palestino. Feridas milenares vêm à tona e brotam explosivamente num terreno fértil arado pelas diferenciações culturais e adubado pela ganância midiática. Onde terminam as questões de princípios éticos e começa a intolerância pelo diferente é a questão que ninguém cosegue responder.

“O Insulto” concorre ao Oscar de filme estrangeiro representando o Líbano, o que por si só já sinaliza uma produção de narrativa clássica, semelhante esteticamente à do cinema ocidental de viés comercial. Mesmo porque, ainda que embasado sobre questões próximas às do oriente médio, nada mais universal atualmente que as diversas camadas de conflitos que o longa expõe. Kamel El Basha, interpretando Yaser, levou o prêmio de melhor ator no Festival de Veneza por “O Insulto”.

A estreia é quinta, 8 de fevereiro.