“O MATEMÁTICO” DENUNCIA GENOCÍDIO NUCLEAR DOS EUA.

Por Celso Sabadin

Um dos grandes problemas do Brasil ser colônia dos Estados Unidos é o fato da maioria da nossa população acabar enxergando o mundo através dos meios de comunicação que nos são impostos goela abaixo pela mídia deles. Ou, em outras palavras, só ver filme estadunidense frita nosso cérebro, e a gente acaba acreditando nas gigantescas mentiras que eles tentam vender para o mundo inteiro.

Uma das mais infames destas fake news diz respeito ao genocídio nuclear ocorrido ao final da Segunda Guerra Mundial, momento em que os EUA tentaram vender ao mundo a falsa ideia de que foi necessário assassinar centenas de milhares de civis japoneses com o poderio de duas bombas atômicas. Atualmente, já foi comprovado pela História que os bombardeamentos nucleares foram, sim, crimes contra a Humanidade, e que, obviamente, isso jamais será julgado. Como também é claro que não veremos a versão real dos fatos em algum filme norte-americano.

Neste contexto, é mais do que bem-vinda a estreia no Brasil do longa “O Matemático”, produzido por Polônia, Alemanha e Inglaterra. A história real do Projeto Manhattan – que isolou nos EUA um grupo de grandes cientistas mundiais com o objetivo de desenvolver a bomba atômica – é contada sob o ponto de vista do matemático polonês Stanisław Ulam (Philippe Tlokinski), um dos principais cérebros da empreitada.

A grande questão apresentada pelo longa é constatação de que assassinar os japoneses – três meses depois da Guerra já ter terminado na Europa – foi muito mais uma demonstração de força dos estadunidenses contra Stalin que propriamente uma necessidade estratégica.

Com roteiro e direção do alemão Thor Klein, “O Matemático” – apesar do tema literalmente explosivo – apresenta uma narrativa sóbria, que explora com eficiência alguns dos mais pungentes dramas humanos, com destaque óbvio para a culpa. Quem consegue dormir direito após ter participado – mesmo que inadvertidamente – de um projeto genocida?

Coerentemente, a opção do filme não é pela espetacularização nem pela aventura, apesar do título original do filme: “As Aventuras de um Matemático”, tirado da autobiografia de Ulam, na qual o roteiro foi baseado. Parabéns à distribuidora brasileira, que não caiu nessa.

A estreia é em 2 de setembro.

 

01/09/2021