O MINIMALISTA “ASPIRANTES” E SUAS MÁXIMAS AFLIÇÕES.

Por Celso Sabadin.

A famosa expressão “menos é mais” assume proporções minimamente épicas em “Aspirantes”. Qualquer sinopse que se pretenda escrever sobre este belo longa de estreia de Ives Rosenfeld seria reducionista. Dizer que é a história de um rapaz simples do interior fluminense que busca fazer carreira no futebol é uma verdade incompleta. Dizer que é o drama de um jovem pressionado pelas crescentes responsabilidades da vida adulta é outra. De fato, a somatória sufocante de pequenas e doloridas verdades incompletas fazem de “Aspirantes” um belíssimo trabalho de direção cinematográfica, no qual o microcosmo perturbado do protagonista Junior (Ariclenes Barroso, o Sérgio de “Benzinho”, excelente) explode na tela em silêncios ensurdecedores e tempos dramaticamente estendidos que nos colocam no âmago das suas mais íntimas aflições. Afinal, os grandes dramas da Humanidade se intensificam silêncio.

Com roteiro do próprio diretor em parceria com Pedro Freire, “Aspirantes” ainda traz no elenco Sérgio Malheiros, Karine Teles e Julia Bernat, todos em perfeita sintonia. O filme foi o vencedor da Carte Blanche do Festival de Locarno, abriu a competição do “Forum of Independents” do Festival de Karlovy Vary, convidado para competição do Festival de Biarritz, competição do Festival de Adelaide, Competição do AFI em Washington, Festival de Chicago e Thessalonike. No Brasil, estreou na competição do Festival do Rio, de onde saiu premiado como Melhor filme, Melhor Ator e Melhor Atriz Coadjuvante, foi exibido também na Mostra de Cinema de São Paulo, onde levou o prêmio da ABRACINE de Melhor Filme e na competição da mostra Panorama em Salvador.

Demorou quatro anos para conseguir estrear neste conturbado mercado exibidor brasileiro, e provavelmente ficará pouco tempo em cartaz. Azar de quem perder.