“O NOME DA MORTE”, RETRATO VIGOROSO DO BRASIL IMPUNE.

Por Celso Sabadin.

Perdido em algum lugar no interiorzão do Brasil, o jovem Júlio Santana (Marco Pigossi) parece não ter talento nem disposição para nenhum tipo de trabalho. Não se adapta ao serviço na borracharia de seu pai, tampouco se anima a arar a terra e plantar. Caso perdido, só lhe resta tentar alguma coisa com seu tio Cícero (André Mattos), que trabalha na cidade como policial. É ali que o rapaz toma contato com alguns dos mais arraigados valores da alma brasileira:  violência, corrupção, injustiça, ganância consumista, hipocrisia religiosa, a lei do mais forte e – principalmente – a certeza da impunidade. Rapidamente o garoto do interior se transforma num eficiente matador de aluguel.

“O Nome da Morte” é inacreditavelmente baseado em caso real relatado no livro homônimo do jornalista Klester Cavalcanti, que para realizar sua obra realizou várias entrevistas com o verdadeiro Júlio Santana durante sete anos. A transposição para o cinema é das mais competentes, mostrando-se de grande eficiência tanto em ritmo e dramaturgia como no tratamento visual, ao exibir planos, enquadramentos e fotografia nunca menos que surpreendentes, sem deixar os aspectos técnicos eclipsarem o vigor do conteúdo.

A direção é de Henrique Goldman, que já havia demonstrado grande intensidade narrativa em seu longa anterior, “Jean Charles”. O roteiro é dele mesmo em parceria com George Moura, de “Redemoinho”, “Getúlio” e “Linha de Passe”. O elenco traz ainda Fabiula Nascimento, e marcantes participações especiais de Matheus Nachtergaele e Martha Nowill.

Estreia em 2 de agosto.