O NOVO “QUARTETO FANTÁSTICO” É DIVERSÂO SEM COMPROMISSO

Das recentes adaptações de Quadrinhos para o Cinema, provavelmente a mais despojada, divertida e – no bom sentido da palavra – “moleque”, tenha sido “O Quarteto Fantástico”, de 2005. O filme tinha muito bom humor, ação, efeitos em profusão, roteiro ágil e boa química entre os personagens. Tudo bastante direto e franco, sem muitas crises existenciais a serem resolvidas. Tamanha simplicidade fez do projeto um respeitável sucesso comercial de US$ 330 milhões de faturamento nas bilheterias mundiais.
Como em quarteto que está ganhando não se mexe, os produtores mantiveram o mesmo diretor do primeiro episódio (Tim Story, isso é nome de gente ou de filme da Pixar?) para a continuação “O Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado”. E a boa notícia é que este segundo capítulo consegue manter o mesmo pique do filme original. E com a vantagem de apresentar um novo personagem, que o próprio título já fez questão de frisar.
A aventura começa mostrando a tensão dos preparativos para o casamento de Reed Richards (o galês Ioan Gruffudd, de “Rei Arthur”) e Sue Storm (Jessica Alba, de “Sin City”), que se apaixonaram no primeiro episódio. Como se as preocupações com vestido, bolo e festa já não fossem estressantes o suficiente, o casal ainda vai ter que lidar com o governo norte-americano, que exige de Richards uma rapidíssima solução para as violentas perturbações cósmicas que o planeta vem misteriosamente sofrendo. Apagões elétricos e pane nos sistemas de aviação podem até fazer parte do cotidiano do brasileiro, mas nos EUA esta crise precisa ser investigada e evitada. E – com casamento marcado ou não – isso é um serviço para o Quarteto Fantástico!
Nem é preciso dizer que todas as perturbações cósmicas que vêm atazanando o planeta estão sendo provocadas pelo Surfista Prateado, personagem totalmente virtual, dublado por Laurence Fishburne (“Matrix”). Está armada a trama. A partir daí, o filme é uma deliciosa e totalmente despretensiosa viagem pelo mundo juvenil dos super-heróis, através dos carismáticos personagens criados por Jack Kirby e Stan Lee (que por sinal aparece numa ponta, como tem feito sempre em filmes produzidos a partir de seus personagens).
É inegável que o roteiro parece muito “inspirado” (copiado?) do desenho animado “Os Incríveis”, onde o casal de heróis também se envolve em mil aventuras exatamente no dia marcado para seu casamento. E, da mesma forma, tudo isso gera uma dúvida sobre o fato de pessoas super poderosas (especiais) poderem ou não constituir uma família normal. De onde vem a pergunta recorrente: o que é normal? Mas, por outro lado, como a animação da Pixar por sua vez também é uma grande paródia sobre o universo dos super-heróis, confesso que não tenho conhecimento quadrinístico suficiente para saber quem copiou quem. Afinal, o roteirista Don Payne afirma que baseou o filme nas edições 48, 57, 58, 59 e 60 do gibi, que eu não li (alguém me empresta?).
Mas no fundo nada disso é muito importante. Vale mesmo é liberar o lado juvenil de cada um e se deixar envolver pelo ritmo e pelo bom humor deste, agora, Quinteto Fantástico.