O OLHAR DA MULHER AFRICANA NO VIGOROSO “RAFIKI”.

por Celso Sabadin.
 
O protagonismo feminino dentro de um ponto de vista da África – no tema, na direção e no roteiro – é o destaque do ótimo “Rafiki”, que entra em cartaz esta semana, após ser exibido na Mostra dos Cinemas Africanos em São Paulo.
 
O filme reuniu uma verdadeira força tarefa multinacional para produzi-lo: Quênia, África do Sul, Alemanha, Holanda, França, Noruega, Líbano e Inglaterra uniram forças para contar uma história simples, mas repleta de vigor. Kena e Ziki são duas jovens garotas que moram próximas, na periferia de Nairobi, a capital queniana. Kena é skatista, liga muito pouco para roupas e maquiagens, e está sempre na companhia de seu grande amigo Blacksta. Por outro lado, Ziki faz de seus cabelos e roupas um verdadeiro manifesto cultural. Adora dançar e vive em companhia de duas amigas. A princípio, não há nada em comum entre elas. E talvez seja justamente esta abissal diferença de comportamentos que acabe gerando uma forte atração entre as garotas. Uma atração que provoca violentos preconceitos, potencializados ainda mais pelo fato dos pais de ambas serem concorrentes políticos na região da cidade onde tudo acontece.
 
Falado em swahili e inglês, “Rafiki” é o segundo longa dirigido por Wanuri Kahiu, que conduz a narrativa com densidade e dignidade. O filme tem feito grande sucesso em eventos internacionais. Foi selecionado para a Mostra Um Certo Olhar, em Cannes, e premiado em Chicago e Dublin, entre outros festivais.