O Operário

É impressionante. A transformação física pela qual passou o astro inglês Christian Bale (o mesmo de Psicopata Americano, o ex-garotinho de Império do Sol) é digna de um Robert De Niro em O Touro Indomável. Às avessas: De Niro engordou e Bale emagreceu quase 30 quilos para viver o papel de Trevor, um operário classe média baixa que sofre de uma insônia infernal. Mas o emagrecimento do ator não pode nem deve eclipsar os outros vários méritos do filme. Antes de tudo, O Operário, é um ótimo suspense que segue a trajetória deste homem magérrimo, perturbado pela falta de sono, e que habita um mundo muito particular, hipnótico, sombrio e silencioso. Sua solidão só é quebrada pelas visitas que recebe de Stevie (Jennifer Jason Leigh), uma prostituta de bom coração que sonha – ou pensa que sonha – em se casar com o rapaz.
Se a vida já não é fácil para Trevor, tudo piora ainda mais quando sua insônia atinge níveis insuportáveis, fazendo com que ele comece a confundir realidade com fantasia, no melhor estilo “Além da Imaginação”.
A ótima direção de Brad Anderson (o mesmo dos competentes Próxima Parada: Wonderland e Feliz Coincidência), o roteiro intrigante de Scott Kosar (da nova versão de O Massacre da Serra Elétrica) aliados a uma belíssima fotografia negro/azulada fazem desta produção espanhola (sim, apesar do elenco multinacional e de ser falado em inglês, o filme é da Espanha) uma ótima estréia para começar bem o ano cinematográfico de 2005.
Ah, a quem interessar possa: para ficar pesando apenas 54 quilos, Bale comia apenas uma lata de atum e uma maçã por dia. Alguém se habilita?