“O ORGULHO”: O TRIVIAL VALIDADO PELO SUBTEXTO HUMANISTA.  

Por Celso Sabadin.

“A verdade não importa. O que importa é ter razão”. É com este pensamento tão – digamos – contemporâneo e universal, que o professor Mazard (Daniel Auteuil) leciona Retórica na Universidade de Paris. Conhecido por suas preconceituosas intransigências contra as minorias, Mazard vê sua situação na Universidade se complicar ainda mais quando ele entra em confronto direto com Neila (Camélia Jordana), uma estudante de origem muçulmana. Para evitar mais problemas, Mazard é obrigado pelo reitor a treinar Neila para um importante concurso de Eloquência, jamais vencido pela escola onde leciona.

Creditado a uma equipe de cinco profissionais, o roteiro de “O Orgulho” segue a fórmula convencional dos protagonistas antagônicos que a princípio não se suportam, mas que terão de aprender a conviver para alcançar um objetivo maior. Pelo caminho, eles percorrem o tradicional “arco dramático” onde irão aparar as suas arestas e sairão desta experiência como seres humanos aperfeiçoados. Estruturalmente, nada que “Máquina Mortífera” ou “Shrek” já não tenham feito antes. O que muda aqui é o pano de fundo. Ao abordar – ainda que superficialmente – a questão racial/imigratória que sacode a Europa, o filme se reveste de uma aura politicamente correta que provoca uma validação artística que talvez não provocasse, fosse outro o enfoque.

Aliados ao tema, a boa performance do elenco e o eficiente ritmo obtido pelo diretor israelense Yvan Attal proporcionam a “O Orgulho” uma espécie de selo de qualidade ratificado por duas indicações ao César. Coproduzido por França e Bélgica, o filme estreia em 19 de julho.