“O OUTRO LADO DA MEIA NOITE”… OU COMO NINGUÉM ENTENDE NADA DE CINEMA.  

Por Celso Sabadin.

Sem medo de ser piegas, o clássico da melodramaticidade “O Outro Lado da Meia Noite” chega ao mercado brasileiro em DVD. É um novelão delicioso! E nem poderia ser diferente, já que seu ponto de partida é o mega best seller homônimo de Sidney Sheldon, especialista neste tipo de literatura de emoções (e vendas) exacerbadas.

Todos os ingredientes da receita para o sucesso estão lá: paixões impossíveis durante a Segunda Guerra, traições, triângulos amorosos, jogos de poder, vingança, sexo, figurinos caprichados, fotografia esplendorosa, reviravoltas, luxo, 136 cenários construídos (um recorde na época), trilha sonora romântica do mestre Michel Legrand, locações na Europa, tudo elevado à enésima potência da dramaturgia melodramática.

Em função do enorme sucesso do livro, a Fox apostou alto tanto na produção como no lançamento… e os resultados decepcionaram. Não chegou a ser desastroso, mas a receptividade passou longe da desejada.

Passados 40 anos de seu lançamento – a serem comemorados agora em 2017 – o fato mais curioso que envolve a distribuição de “O Outro Lado da Meia Noite” foi a estratégia usada pela Fox para colocar o filme nos cinemas.  Naquele distante 1977, os circuitos estavam ávidos para exibir cópias de “O Outro Lado….” pois todos sabiam da gigantesca repercussão do livro, que sinalizava o potencial financeiro do filme. Contudo, estes mesmos circuitos estavam resistentes em exibir uma ficção científica dirigida por um novato desconhecido, também da Fox, que segundo eles tinha tudo para ser um fracasso. Os executivos da empresa, enão, num processo de venda casada,

condicionaram a exibição de “O Outro Lado…” à exibição da tal ficção. Só quem exibisse o filme do jovem desconhecido iria receber cópias para exibir “O Outro Lado da Meia Noite’. O tal filminho espacial que ninguém colocava fé era nada menos que “Guerra nas Estrelas” (na época “Star Wars” se chanmou assim no Brasil), numa prova cabal que ninguém entende nada de cinema.

“O Outro Lado da Meia Noite” foi dirigido pelo inglês Charles Jarrott, especializado em seriados e filmes de TV, e estrelado por Marie-France Pisier, John Beck (que não chegaram a ter carreiras exatamente brilhantes), e  Susan Sarandon, provavelmente a única “sobrevivente” do fracasso do filme.

Seu lançamento em DVD pelo selo Obras Primas é uma ótima oportunidade para conhecer ou rever este filme que volta ao mercado com ares de clássico, nem que seja pelas curiosidades que o envolvem.