“O OUTRO LADO DO PARAÍSO”, HISTORICAMENTE OBRIGATÓRIO.  

Por Celso Sabadin.

André Ristum, o mesmo diretor do ótimo “Meu País”, retoma aqui o tão universal tema da liberdade. Mas, desta vez, não exatamente o das liberdades pessoais e individuais, como havia feito em seu trabalho anterior, mas da liberdade de todo um país. O nosso. Um assunto que inadvertidamente se tornou ainda mais urgente nestes tempos ditatoriais que estamos vivendo.

Com uma ótima direção de arte e reconstituição de época raramente vista em nosso cinema, o filme começa mostrando uma família simples no interior de Minas Gerais, no início dos anos 60. O pai (Eduardo Moscovis), um eterno sonhador, não se cansa de procurar uma vida melhor para sua esposa e três filhos, até que um dia esta esperança se materializa na mítica recém-fundada nova capital do país: a bordo de um velho caminhão, todos seguem para Brasília, a terra prometida.

Porém, aproxima-se o golpe de 1964, e todos os sonhos terão de ser interrompidos. Ou, pelo menos, adiados.

“O Outro Lado do Paraíso” é baseado no livro homônimo e autobiográfico de Luiz Fernando Emediato, que também tornou-se produtor do filme. É ele o personagem Nando (Davi Galdeano, muito bom), o garoto que conduz toda a trama e que terá de aprender precocemente o peso e a dor das separações e privações.

Dado o momento político que estamos, onde parte da população simpatiza com o horror vivido no Brasil pós-64, o filme pode ser considerado obrigatório: já que muitos não tiveram aula de História na escola, nunca é tarde para tê-las agora no cinema. Todo o esclarecimento sobre aquele período é bem-vindo.

Vencedor do prêmio do Júri Popular no Festival de Gramado, o filme estreia nesta quinta, 2 de junho.