“O PACTO”, OU A MARCA DA MALDADE.
Por Celso Sabadin.
Acredito que, bem ou mal, todos já ouvimos falar de “Fausto”, clássico que Goethe escreveu, a partir de lendas milenares, sobre um homem que vende a sua alma ao diabo. O tema é dos mais instigantes, e já foi adaptado para o cinema diversas vezes.
A estreia o “O Pacto”, porém, apresenta um “Fausto” baseado em casos reais, confirmando mais uma vez que – sim – a maldade existe. E, no caso, ela está encarnada na vida real de Karen Blixen (papel de Birthe Neumann, de “Festa de Família”), autora dinamarquesa muito conhecida em seu país. A vida da escritora foi uma das maiores inspirações do filme “Entre Dois Amores”, de Sidney Pollack (no qual foi interpretada por Meryl Streep).
Após viver muitos anos na África (conforme é mostrado no filme de Pollack), Karen retorna à sua Dinamarca natal, onde decide apadrinhar o jovem e promissor escritor Thorkild (Simon Bennebjerg). Rica, poderosa e bem relacionada, Karen promete a Thorkild que conseguirá fazer dele um dos maiores escritores da Dinamarca – talvez o maior – mas para isso haverá um custo: a total dedicação e confiança do rapaz a tudo o que a velha senhora ordenar. Mais que um pacto, está montada uma armadilha de relacionamentos doentios e jogos de poder que chegam ao limite do insuportável.
“O Pacto” tem roteiro de Christian Torpe e a direção sóbria e segura de um dos grandes nomes do cinema dinamarquês: Bille August, premiado cineasta de “Pelle o Conqustador”, “A Casa dos Espíritos”, “Trem Noturno para Lisboa” e vários outros.
Investigando as fronteiras da manipulação humana, “O Pacto” estreia nos cinemas brasileiros na quinta, 07 de abril. A produção envolveu Dinamarca, Bélgica, Noruega e Finlândia.
Sem querer dar spoiler se Thorkild conseguiu ou não se transformar em um grande escritor, o filme é baseado em sua autobiografia.