“O PAI DA RITA” TEMPERA SONS E PAIXÕES DE UM BRASIL AFETUOSO.
Por Celso Sabadin.
“O Pai da Rita” é cara do Brasil “do bem”: às vezes cômico, às vezes trágico, afetuoso, musical, imperfeito, terno. Faz da adversidade a sua poesia. Ainda que localizado em um dos bairros mais representativos da capital paulista (o Bexiga), carrega consigo uma dimensão nacional, alcançando uma universalidade que extrapola qualquer eventual bairrismo.
Grande parte de sua empatia se apoia no carisma de seus protagonistas, Roque (Wilson Rabelo) e Pudim Ailton Graça). Eles são amigos de longa data, compositores da velha guarda da Escola de Samba Vai-Vai, e que há décadas partilham e compartilham de todos os segredos de suas vidas. Ou quase todos: a inesperada chegada da bela Ritinha (Jessica Barbosa) desestabiliza a zona de conforto dos amigos, remexendo com a vida da unida e simpática comunidade que gravita em torno dos tradicionais sambistas.
Com argumento e direção de Joel Zito Araújo (de “Filhas do Vento”) e roteiro de Di Moretti (de “Cabra Cega” e “Latitude Zero”), “O Pai da Rita” traz uma leveza das mais bem-vindas para estes tempos pesados, ambientando-se tanto geográfica como emocionalmente no saboroso território afetivo das misturas culturais brasileiras.
Completam o elenco Elisa Lucinda, Léa Garcia, Sidney Santiago, Chico Gaspar, Paulo Betti e participantes da Vai Vai.
Estreou nos cinemas na última quinta-feira, 19 de maio.