“O PASSADO” NÃO REPETE AS QUALIDADES DE “A SEPARAÇÃO”, DO MESMO DIRETOR.

Tudo começa com um reencontro. Após quatro anos de separação, Ahmad (Ali Mosaffa) viaja do Irã até a França para se reencontrar com a ex-esposa, Maria (a atriz argentina Bérénice Bejo, de “O Artista”). A ideia é finalmente assinar os papéis do divórcio. Porém, ao se hospedar na casa de Maria, Ahmad percebe que a ex-mulher está vivendo um verdadeiro caos emocional: ela se envolveu com Samir (Tahar Rahim, de “O Príncipe do Deserto”), cuja atual esposa está em coma, após uma tentativa de suicídio. E ainda há três crianças envolvidas neste perverso quebra-cabeças emotivo.
Na medida do possível, Ahmad tenta resolver a difícil situação, mas um jogo de mentiras e meias-verdades entaladas nas gargantas acaba envolvendo a todos.

Dirigido por Ashgar Farhadi, “O Passado” vem na esteira do sucesso de “A Separação”, do mesmo diretor, filme que recebeu várias premiações internacionais, incluindo o Oscar de melhor produção em língua não inglesa. Mas não consegue manter as qualidades de seu trabalho anterior. Embora apresente um bom início, colocando com eficiência uma intrigante rede de conflitos emocionais, a trama se perde em variados falsos finais e excessivas viradas de roteiro, o que lhe confere um tom cansativo, aproximando-o do novelesco.

A direção burocrática, ainda que extraia bons resultados de seu elenco, também deixa a desejar, tornando “O Passado” apenas um filme de interesse razoável, daqueles que se acompanha mais para se matar a curiosidade pelo desfecho dos personagens que propriamente pelo prazer cinematográfico.

Mesmo assim, o filme ganhou o prêmio do Júri Ecumênico em Cannes, melhor atriz no mesmo Festival, e foi indicado ao Globo de Ouro de produção estrangeira. Parece bastante excessivo.