O PASSEIO DE “NOEL ROSA – UM ESPÍRITO CIRCULANTE” POR VILA ISABEL.

Por Celso Sabadin.

Nunca é demais falar sobre Noel Rosa, um dos maiores talentos de todos os tempos da Música Brasileira, e responsável por uma obra belíssima, gigantesca (e até hoje popular), mesmo tendo falecido tão jovem.

O problema de falar sobre Noel Rosa é tentar encontrar algum ângulo ainda pouco explorado. A diretora e roteirista Joana Nin encontrou: em seu longa “Noel Rosa – Um Espírito Circulante”, a cineasta faz um afetuoso passeio documental pelo bairro de carioca de Vila Isabel, imortalizado pelo poeta. Assim, recordamos não apenas algumas de suas músicas, como também suas fontes inspiradoras.

Nesta viagem pelo tempo e pelos sons do bairro, o filme reúne vozes de sambistas de diferentes eras, desde antigos parceiros de Noel, como Cartola, Aracy de Almeida e Marília Batista, até nomes atuais, como Dori Caymmi, Moacyr Luz, Mart’nália e Edu Krieger.

“Minha conexão com Noel Rosa se intensificou quando eu me mudei para o bairro de Vila Isabel, em 2012,” conta Joana, que viveu na própria Rua Noel Rosa. “Fui ao supermercado que funcionava no prédio da antiga Fábrica de Fiação e Tecidos Confiança. Eu estava lá fazendo compras e de repente soou uma sirene muito alta. Ao questionar um funcionário, descobri que eles mantinham a tradição em respeito à comunidade local. Este som inspirou Noel Rosa a compor ‘Três Apitos’, ainda que a Fábrica de Tecidos não fosse o local de trabalho de Fina, sua musa inspiradora da canção. Era uma licença poética porque ele ouvia diariamente esse apito da casa onde morava, na Rua Teodoro da Silva. Eu achei isso muito interessante e decidi entender melhor a relação do bairro com o compositor, mesmo tanto tempo depois de sua morte.”

Após ter suas gravações interrompidas pela pandemia, “Noel Rosa – Um Espírito Circulante” foi finalizado em 2023, estreou no Festival do Rio em 2024, e chega aos cinemas nesta quinta-feira, 24/04.

Quem dirige

Joana Nin é cineasta, dedicada a projetos audiovisuais com temas sensíveis e de impacto social. É mestre em Comunicação pela PUC-Rio. Produziu e dirigiu quatro longas-metragens documentários: “Cativas – Presas pelo Coração” (2015); “Proibido Nascer no Paraíso” (2021); “Os 80 Gigantes” (2024); e “Noel Rosa – Um Espírito Circulante” (2025). Dirigiu ainda o curta-metragem Visita Íntima (2005), vencedor do festival É Tudo Verdade 2006 e de outros 20 prêmios, entre outros documentários. Como produtora executiva, além dos seus próprios filmes, atuou em projetos de destaque como o documentário longa-metragem “Auto de Resistência”(2018), de Lula Carvalho e Natasha Neri, vencedor do festival É Tudo Verdade 2018; a ficção “Praça Paris” (2018), de Lúcia Murat; e a 3ª temporada da série “Os Homens são de Marte e é para Lá que Eu Vou”, dirigida por Susana Garcia. Atualmente dedica-se a três longas-metragens de ficção em diferentes estágios de produção: é produtora criativa e executiva de “Torniquete”, de Ana Catarina Lugarini, em pós-produção; diretora e produtora executiva de “Rumor”, em fase de finalização, e de “Tropicana”, em pré-produção — todos de sua produtora, Sambaqui Cultural.