“O PEQUENO ITALIANO” NÃO SURPREENDE, MAS EMOCIONA

Apesar do título, “O Pequeno Italiano” é um filme russo. Ele se refere ao garotinho Vanya (Kolya Spiridonov), um menino de seis anos que vive num orfanato na Rússia e acaba de ser escolhido por um casal de italianos para a adoção. A princípio, esta escolha deveria encher Vanya de alegria e esperança de uma vida melhor, mas, pelo contrário, ele se apavora com a idéia e decide fugir do orfanato para sair em busca de sua mãe biológica.
O tema de uma criança em busca da mãe – ou do pai – é praticamente uma covardia: como não se emocionar com ele? “Central do Brasil” que o diga. Chantagens emocionais a parte, pode-se dizer que “O Pequeno Italiano”, embora tecnicamente bem realizado, é apenas um filme correto. Talvez em função da formação e bagagem televisiva de seu diretor, Andrei Kravchuk, o filme não surpreende criativamente, segue uma narrativa das mais convencionais, e chega a esbarrar no maniqueísmo fácil, principalmente quando retrata os diretores do orfanato.
Por outro lado, ele busca uma certa verdade documental ao trabalhar com não atores (a maior parte das crianças, incluindo o protagonista, é de fato formada por órfãos), ao escolher orfanatos de verdade como locação, e ao se basear numa situação comum na Rússia para contar sua história.
Representante da Rússia para o Oscar de 2006, “O Pequeno Italiano” recebeu vários prêmios e indicações em festivais internacionais, muitos deles ligados à temática infantil. Se está longe de ser uma grande obra cinematográfica,. Pelo menos é um pequeno filme cheio de dignidade.