O PESO DA INCOMUNICABILIDADE EM “EU ESTAVA EM CASA, MAS…”

Por Celso Sabadin.

“Eu Estava em Casa, Mas…” é um filme sobre ausências, sobre espaços a serem preenchidos. Grandes silêncios e imobilidades exasperantes são mais ensurdecedores que qualquer grito de desespero. É o mal do século: a incomunicabilidade entre os que ingenuamente acreditam viver na era da comunicação. O filme escancara o medo através do implícito, e o que não é visto nem falado jamais será escutado. E o que não se escuta – espera-se – não existirá. Pânicos ficam presos na garganta.

Todos estes sentimentos são desencadeados pelo pequeno drama pessoal de um garoto que desaparece por alguns dias. Seu retorno é calado e misterioso. Tudo o que é possível e provável – mas nunca explicitado – abala o cotidiano de sua família e sua escola. O que não se viu, não aconteceu. Talvez – e apenas talvez – a solução pode estar na arte, através das representações simbólicas dos ensaios de uma peça teatral escolar.

Com roteiro e direção da alemã Angela Schanelec, “Eu Estava em Casa, Mas…” é uma coprodução teuto-sérvia vencedora do prêmio de Melhor Direção no Festival de Berlim de 2019, também laureada em Mar Del Plata, San Sebastian e outros eventos internacionais.
Estreou nos cinemas brasileiros em 10 de junho.