“O PODER E A LEI” É ENTRETENIMENTO DE QUALIDADE.

O chamado “filme de tribunal” é praticamente um subgênero, e costuma render trabalhos dos mais interessantes no cinema, sempre explorando os meandros, o submundo, os bastidores e as incoerências inerentes ao Sistema Judiciário. Afinal, poucas coisas são tão injustas como a Lei.

Neste sentido,“O Poder e a Lei” não decepciona. A partir do livro de Michael Conelly, o filme mostra Mickey Haller (Matthew McConaughey, eficiente) como um advogado de poucos princípios éticos, longe daquela figura glamourizada pelo cinema, vestido com ternos caros e rodeado por belas assistentes. Nada disso! O “escritório” de Mickey é um velho automóvel modelo Lincoln, que batiza o título original do filme. Ele defende criminosos de segunda categoria, até pegar um caso que poderia mudar sua vida: um “mauricinho” milionário (Ryan Phillippe) é acusado de espancar uma prostituta, e todas as provas parecem incriminá-lo. Mas o esperto Mickey tem uma saída. Ele só não parou para pensar por que um milionário o contrataria.

Neste tipo de filme, quanto menos se falar da história, melhor. Mas vale dizer que o bom roteiro de John Romano explora com sagacidade o paradoxo que um advogado passa a viver quando percebe que está sendo ludibriado pelo próprio cliente, levantando saborosas questões éticas e morais, mesmo quando sabemos que estes conceitos não são exatamente levados muito a sério pelos profissionais do Direito.
A direção de Brad Furman confere ao filme um leve sabor de ação e aventura, sem exageros, mas em doses suficientes para agradar os fãs do cinemão comercial. Por outro lado, um ótimo time de coadjuvantes figurinhas carimbadas do cinema independente (William H. Macy, Marisa Tomei, John Leguizamo) dão a “O Poder e a Lei” uma certa aura de respeitabilidade.

Na somatória, é um entretenimento de qualidade.