“O PRIMEIRO DIA DA MINHA VIDA” EXPÕE OS LIMITES DO MELODRAMA.

Por Gustavo Meca.


Ao ver um filme, independente das críticas e reações pessoais, imagino que todos buscam sair remexidos de uma experiência cinematográfica. É penosamente complicado sair indiferente de alguma obra – ao menos para mim. Isso está longe de ser o caso de “O Primeiro Dia da Minha Vida”, pelo bem ou pelo mal. Digo isso pois o diretor Paolo Genovese é bastante criterioso com sua narrativa, de modo a se preocupar demasiadamente com cada detalhe, seja focado na dramaticidade ou no aspecto formal do filme.

A narrativa busca ser um melodrama, e tem todos os elementos necessários para isso: acompanhamos quatro personagens que ganham uma segunda chance de “viver” mais uma semana, logo após tirarem suas próprias vidas, para poderem rever os aspectos negativos e positivos de seus contextos. Há total espaço para uma abordagem sentimental e bem próxima dos atores, o filme usa desse exagero de maneira ótima, realmente criando um laço entre os fatores da diegese do filme – como a fisicalidade e presença dos atores – e sua mensagem sentimental, que rebate nos espectadores.

No entanto, isso acaba tendo um limite. O que Genovese mais deixa claro é que ele está tentando ser um melodrama, mas não conseguindo na sua completude. Como disse, ele utiliza narrativamente o sentimento inerente daquela situação a seu favor, mas peca ao tentar trazer um olhar mais refinado e autoral, no que diz respeito ao seu papel como unificador estético dessa história.

Fica muito escancarado como ele se apoia no senso comum cinematográfico da “imagem bonita” e cria algumas composições genéricas, seja na maneira como filma dentro do carro; os planos de diálogo entre os atores; ou na câmera aérea que não se aproxima. Fora isso, novamente a tentativa em ser extremo: a trilha sonora, que mesmo funcionando como um fator melodramático muito clássico e até condizente com a história, é usada bem fora de tom nas suas cenas, além de ter em sua seleção músicas já desgastadas no emocional do grande público – como “Experience” de Ludovico Einaudi, que você talvez já tenha escutado em algum Tik Tok.

Portanto, fica uma ideia da direção de “fiz o máximo que consegui” ao tentar deixar sua marca em uma narrativa que é sim muito interessante e abre caminhos para análises mais profundas, enigmáticas e, sobretudo, sentimentais. Porém com um tom agridoce, de que as escolhas técnicas-dramáticas não estão em total harmonia com as potências que aquelas relações humanas naturalmente criam