“O QUARTO DE JACK”, MUITO MAIS QUE UM ÓTIMO SUSPENSE.

Por Celso Sabadin.

Existem filmes – talvez a maioria deles – sobre os quais o público não deveria saber absolutamente nada ao começar a vê-los. Sem dúvida, “O Quarto de Jack” é um deles. Infelizmente seu trailer já tira metade do suspense do ótimo roteiro escrito pela estreante irlandesa Emma Donoghue, a partir de seu próprio livro, publicado em 2010.

Para não estragar as surpresas, vale dizer apenas que o filme começa mostrando a afetiva e solitária relação entre o Jack do título (o garoto canadense Jacob Tremblay, ótimo) e sua mãe (Brie Larson), no dia em que o menino completa 5 anos. Logo perceberemos, porém, que há algo estranho nesta convivência, principalmente depois da entrada em cena de um estranho homem. E chega. Melhor não falar mais.

Muito mais que um ótimo suspense recheado de emoção e claustrofobia, “O Quarto de Jack” é um filme que faz pensar sobre a nossa própria relação de tempo e espaço, e como utilizamos – ou não – as portas e janelas que a vida nos abre. Vale lembrar que, em inglês, “Room” é uma palavra que não apenas significa quarto como também espaço físico. E é sobre  estes espaços, sejam físicos, sociais ou mesmo psicológicos, que o filme discorre com talento e propriedade. São personagens que escancaram as dificuldades de adaptação social dentro do próprio seio familiar, um ambiente que pode ser tão – ou mais – hostil que um cárcere privado mantido por um psicopata.

“O Quarto de Jack” permeia vários tipos de terror psicológico, sejam eles os facilmente perceptíveis e condenados, ou os mais obscuros e profundos, como os nascidos dos próprios relacionamentos familiares. Sem esquecer o terror midiático, que quem imputar culpas e medos em nome da audiência e do sensacionalismo.

Ao final do filme, permanece a pergunta: quem é, afinal, o psicopata de toda esta história?

A direção é de Lenny Abrahamson, do intrigante “Frank.