O RISO SARDÔNICO DE “O ANÚNCIO”.

Por Celso Sabadin

Claro que nada substitui a tela grande e o escurinho do cinema mas, vendo pelo lado positivo, a descoberta por parte das distribuidoras das plataformas virtuais permite que cheguem por aqui filmes que não chegariam antes, na “era presencial”. É o caso de “O Anúncio”, ótima descoberta da Imovision de um filme de 2017 que permanecia inédito no nosso mercado.

É um pouco difícil falar de “O Anúncio” sem dar spoiler, pois grande parte do filme se apoia no mistério e no suspense. Em clima sombrio, escuro e tenso, um grupo de homens soturnos se reúne para alguma missão da qual nada sabemos. E não saber faz parte do charme do longa. Só é facilmente perceptível que – como dizia minha avó – “coisa boa não é”. A ação se desenvolve em ritmo denso e introspectivo, com poucos diálogos, mas em que cada palavra conta e tem seu significado. É “filme de prestar atenção”, como classificava a peça “Solidão, a Comédia”, de Vicente Pereira.

O mais insólito disto tudo é que “O Anúncio” é uma comédia. Verdade. Não dessas de gargalhar (há quanto tempo eu não vejo uma comédia de gargalhar…) mas de riso irônico, com elementos sarcásticos mais próximos do humor britânico. E olha que o filme nem é britânico: trata-se de uma produção búlgaro-turca que participou de vários festivais internacionais, incluindo a Mostra horizontes, em Veneza.

Disponível a partir de 17 de junho na plataforma www.reservaimovision.com.br