“O SACRIFÍCIO” MOSTRA A FORÇA DO CINEMA CHINÊS.

Insista. Não deixe que os complicados primeiros minutos do filme “O Sacrifício” o desanimem. Realmente não é fácil entrar de cabeça neste drama repleto de nomes que soam estranhos aos nossos ouvidos e de faces orientais que nossa limitada percepção ocidental teima em colocar numa vala comum. Porém, passada a estranheza do excesso inicial de informações, o espectador será brindado com um belo e trágico épico.

Na China Medieval, um violento golpe de estado derruba o clã Zhao. Mais do que simplesmente tomar o poder, os revoltosos também querem eliminar todos os Zhao, para que não haja nunca mais sequer a possibilidade deles se reerguerem. Porém, o último bebê Zhao nasce em meio aos conflitos, e o médico que fez o parto passa a ser a única esperança de esconder o recém-nascido e, consequentemente, o que restou de todo o clã. Tem início uma intrincada trama que envolve honra, guerras, lealdade e, acima de tudo, vingança.

Repleto de reviravoltas e sentimentos exacerbados, “O Sacrifício” não deixa de ter um pé no folhetim. Mas bebe na fonte das tragédias clássicas para compor uma bela e envolvente história repleta dos tradicionais valores humanos em geral e orientais em particular. São conceitos milenares que perpassam as mais diferentes culturas, onde até traços de Cristianismo podem ser identificados, principalmente na caça mortal ao primogênito.

A ambientação na China antiga dá margem a fascinantes voos visuais da direção de arte, dos figurinos à maquiagem, das locações aos objetos de cena, tornando o filme um banquete para os olhos e proporcionando um valioso mergulho histórico.

Totalmente produzido (e bem) com capital e produtoras chinesas, “O Sacrifício” é mais um exemplo do poderio da indústria cinematográfica daquele país, que acaba de fechar o ano de 2012 como o segundo mercado mundial do setor.