“O SILÊNCIO DE EVA” RESGATA A GRETA GARBO DE CATAGUASES.

Por Celso Sabadin, de Ouro Preto.

Nascida no Egito e radicada em Minas Gerais, Eva Nil (nome artístico de Eva Comello) foi atriz de destaque no nosso cinema, além de produtora pioneira no audiovisual brasileiro. Trabalhou com Humberto Mauro e foi até capa de revista. Nunca ouviu falar?  Tudo bem: poucos ouviram. Daí a importância histórica do lançamento de “O Silêncio de Eva”, longa metragem integrante da programação da 20ª Mostra de Cinema de Ouro Preto – CineOP.

Dirigido e produzido por Elza Cataldo, o documentário faz uma verdadeira arqueologia cinematográfica na tentativa de trazer à tona fotos, filmes e informações referentes ao chamado Ciclo de Cataguases, momento importante vivido pelo cinema brasileiro, na década de 1920, onde Eva despontou.

Como – segundo dizem historiadores – cerca de 90% de todos os filmes mudos feitos no mundo se perderam irrecuperavelmente, eu fico só imaginando as dificuldades da equipe de Elza Cataldo em levantar imagens soterradas pela poeira do tempo no espaço do interior mineiro.  E a boa notícia é que o material iconográfico desenterrado é dos mais fascinantes: fotos, alguns trechos de filmes, cartas, reportagens e críticas da época (primordialmente da revista Cinearte) compõem um painel que permitiu ao filme reconstituir uma sólida linha do tempo de sua biografada.

Paralelamente, as atrizes Inês Peixoto e Bárbara Luz, mais o ator Eduardo Moreira, reconstituem cenas perdidas, ao mesmo tempo em que investigam os silêncios desta personagem que – ao abdicar prematuramente de sua carreira, acabou se tornando uma espécie de Greta Garbo do Cataguases.

A construção da narrativa realizada a partir desta pesquisa, porém, se revela bem menos atrativa que a riqueza do material obtido, dispersando-se entre longas leituras de textos e descuidando-se do importante conceito de síntese, tão necessário ao audiovisual.

O roteiro é de Elza Cataldo, Inês Peixoto e Christiane Tassis.

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