O SILÊNCIO ENSURDECEDOR DO BELÍSSIMO “A ESPERA”

 

Por Celso Sabadin

A bela francesa Jeanne (Lou de Lâage) viaja até a Sicília para se encontrar com o namorado Giuseppe. Ela não sabe, porém, que o rapaz acabou de morrer, fato que a mãe dele, Anna (Juliette Binoche), não tem coragem de lhe contar. É sobre este pequeno mas pungente fio de história que o siciliano Piero Messina estreia na direção de longas com o pé direito, trazendo um belo filme sobre perda, desencontros, desilusões e, principalmente, solidão.

Selecionado para a mostra competitiva de Veneza, “A Espera”  se apoia sobre sentimentos represados, constrói sua dramaturgia sobre o que não é dito, sobre o que fica preso na garganta, implícito nas palavras e explícito nos olhares. O silêncio é um dos principais protagonistas do filme. Seus pouquíssimos personagens são engolidos tanto pela  imensidão dos belos cenários sicilianos quanto pela aridez e incomunicabilidade de seus sentimentos. São amplos planos longos e abertos que acentuam as várias solidões de cada um. Tudo à luz de uma fotografia de encher olhos e corações.

Não por acaso, tudo se passa no feriado da Páscoa, período simbólico de sofrimento, morte, redenção  e transformação.

“A Espera” é baseado na peça de Luigi Pirandello “La Vita Che ti Diedi”, que por sua vez é inspirada no romance “La câmera in Attesa”, de onde vem o título original do filme (“L´Attesa”). Estreou nesta última quinta-feira, dia 2.