O SUFOCADO GRITO FEMININO DE “UM INSTANTE DE AMOR”.

Por Celso Sabadin.

Cartas não respondidas, amores não correspondidos, paixões avassaladoras em meio à loucura, tudo regado a um tipo  arrebatador de romantismo que parece caber apenas nos filmes de época, como se não fosse mais possível viver amores loucos na nossa igualmente louca contemporaneidade. E que a gente adora ver e se deixar levar pela tela do cinema.

Assim é “Um Instante de Amor”, a história de uma mulher (Marion Cotillard, sempre convincente) aprisionada e sufocada por seus próprios anseios de liberdade, numa época em que o simples desejo de ser livre já era considerado um desequilíbrio. Para “curá-la”, o único remédio seria o casamento. Nem que seja à força.

Indicado para 8 César, “Um Instante de Amor” é quase todo feito por mulheres. Além da diretora Nicole Garcia (a mesma de “Um Belo Domingo”) a história nasceu do livro “Mal de Pietri”, escrito pela italiana Milena Agus em 2006. E o roteiro foi desenvolvido a seis mãos, sendo quatro delas femininas. Nada mais adequado para retratar esta dolorosa realidade na qual a mulher grita – mas não é ouvida – pela sua vez e pela sua voz, num mundo machista dominado pela violência e pela intolerância. Uma realidade que, infelizmente, não é circunscrita ao pós Segunda Guerra onde o filme é ambientado.

Coproduzido por França, Bélgica e Canadá, “Um Instante de Amor” estreia nesta quinta, 29 junho.