O TERNO “PAGLIACCI” CELEBRA A AMIZADE E O HUMOR.

 por Celso Sabadin.

Há uma aura tragicômica na figura milenar do palhaço, algo entre o patético e o poético, entre o sublime e o ridículo, que é difícil de explicar e captar. O documentário “Pagliacci” captou.

Dirigido por Chico Gomes, Julio Hey, Luiza Villaça, Pedro Moscalcoff e Luiz Villaça, “Pagliacci” aborda o tema usando como fio condutor a trajetória de Fernando Sampaio, fundador da companhia “LaMínima”, ao lado do ator Domingos Montagner (falecido em 2016)  e da sua mulher Luciana Lima. Diferente do clássico documentário de Fellini, de título quase igual, este “Pagliacci” trás um viés menos histórico e mais sensorial. Aborda questões simbólicas sobre a necessidade do homem rir de si mesmo, a importância do humor como elemento transformador, a força do palhaço como questionador da sociedade, e mostra como um homem tímido fora dos palcos se transforma quando veste o famoso nariz vermelho.

“O palhaço é aquilo que incomoda, que transforma. O palhaço, o bobo da corte, o louco, o bêbado. O personagem que enxerga os podres e comunica o que ninguém mais tem coragem de dizer e é por isso ele nos faz rir de nós mesmos”, afirma um dos diretores, Luiz Villaça.

Despertado no trabalho conjunto do grupo formado por Villaça com Chico Gomes, Pedro Moscalcoff, Julio Hey e Luiza Villaça, o grupo de diretores da Bossa Nova Films abraçou o desafio e, através do cotidiano de Fernando Sampaio e de entrevistas com os artistas e com o público construiu este belo documentário sobre esta profissão tão antiga quanto a humanidade.

O filme acaba por se tornar um emotivo registro não só do palhaço em seu sentido mais amplo, como também da amizade entre Montagner e Fernando, que se conheceram no Circo Escola Picadeiro, em São Paulo, e logo formaram uma dupla cômica. Mais tarde, em 1997, junto com Luciana Lima, esposa de Montagner, eles criam o grupo LaMínima, que permanece atuante até hoje.