“O TRABALHO DELA” ESTREIA PLATAFORMA COM QUALIDADE.

Por Celso Sabadin.

Tudo se passa na Grécia. Mas no Brasil não é muito diferente.
Panagiota (a uzbeque Marisha Triantafyllidou, ótima) é uma dona de casa tímida, mãe de dois filhos, pouco instruída – provavelmente refugiada – e submissa ao maridão tosco (Dimitris Imellos). A violenta crise econômica que assola a Grécia faz com que ela tome uma decisão até há bem pouco tempo impensável em sua vida controlada pelo machismo: arrumar um emprego. Mesmo sob os protestos do marido, a solução se mostra inevitável, pois a família está à beira do colapso financeiro.

Ao ser empregada como faxineira em um shopping center, Panagiota começa a se descobrir como indivíduo, ao mesmo tempo, porém, que passa a ser vítima de um outro tipo de exploração: a capitalista, friamente retratada e simbolizada no próprio shopping onde ela trabalha. A crise da Grécia parece não ter fim. A da protagonista, tampouco.

Dirigido com sensibilidade e extrema sobriedade, “O Trabalho Dela” é o chamado “papa-prêmios”, tendo recebido cerca de 60 indicações e mais de 10 troféus em diversos festivais internacionais, primordialmente europeus. Nada mal para o diretor ateniense Nikos Labôt, que estreia no longa ficcional com este filme. Coproduzido em 2018 por Grécia, Sérvia e França (sempre a França…), o filme tem roteiro da também estreante Katerina Kleitsioti, em parceria com o diretor. Trata-se de uma excelente estreia para a nova plataforma de streaming www.reservaimovision.com.br , que sinaliza assim que deverá manter em sua versão virtual a mesma qualidade que consagrou seus cinemas da rede Reserva Cultural.