O TRISTONHO “REFLEXOS DA INOCÊNCIA” MOSTRA UM OUTRO DANIEL CRAIG.

Daniel Craig não é bobo. Ele tem administrado sua carreira de modo a colher todos os louros de seu personagem mais famoso – James Bond – ao mesmo tempo em que investe em projetos menores que o não permitem estagnar estigmatizado unicamente à figura de 007. Entre estas suas novas investidas está o drama britânico “Reflexos da Inocência”, primeiro longa de ficção para cinema do roteirista e diretor Baillie Walsh, nome vindo dos vídeo clipes.

Aqui, Craig vive Joe, um astro de Hollywood cercado de belas (e vazias) mulheres, dono de uma mansão literalmente cinematográfica, mas que não consegue esconder sua crônica depressão. Num mesmo dia, ele deixa de ganhar um importante papel num filme, briga com seu agente, e ainda por cima recebe uma triste notícia por telefone. Este momento negativo desencadeia em Joe os “flashbacks de um tolo”, como diz o título original do filme. Ou os seus reflexos (não seriam reflexões?) de uma infância inocente que não voltará jamais.
Apesar do diretor ser especializado em clipes musicais (ou talvez por isso mesmo), o filme opta por uma narrativa mais lenta e reflexiva, como o tema exige. Subvertendo – ainda bem – os padrões clássicos do roteirão comercial, o tal flashback só começa depois de meia hora de projeção, dando início praticamente a um novo filme dentro do filme.

Como toda obra que se baseia num personagem principal recordando momentos importantes de sua infância/adolescência, “Reflexos da Inocência” também tem um tom nostálgico, pendendo para a poesia, com olhares tristonhos, cenas a beira mar e pensamentos silenciosos.
Não é nenhum “Amarcord”, mas é um entretenimento digno.